Festival Se Rasgum VI, Belém, Dia 2
Durante o dia, visitas ao Mercado Ver-o-Peso (almoço: peixe na beira do rio), às ruas de comércio que vendem centenas de milhares de compilações de aparelhagem além de cópias de CDs e DVDs (Vlad Cunha registrou no documentário “Brega S/A” e vale assistir aqui) e uma passada na tradicional sorveteria Cairu (grande dúvida sobre o que provar: Araça, Bacába, Bacuri, Castanha do Pará, Cupuaçu, Mangaba, Maria Izabel, Muruci, Taperebá, Tapioca ou Uxi – entre outros aqui). Perfeito.
À noite, no Hangar, segunda perna do Se Rasgum 2011 prometendo se estender até a manhã do outro dia. Não a toa, Lobão, ao se despedir por volta das 5h30 da manhã, recomendou: “Vamos todos para a padaria? Um café com leite, um pão com manteiga”. Antes disso, porém, passaram pelos dois palcos do festival Pirucaba Jazz, Maquine (destaque para os ótimos guitarrista e baterista da banda), Babilak Bah e Totonho e os Cabra. Quando Juca Culatra iria iniciar seu show, eu parti para minha discotecagem no Deck Laboratório.
Imagine que os dois enormes galpões que recebem os shows são cercados por um lago artificial (casa de pirarucus), e na lateral do Salão B, o palco menor, há um deck sobre o lago que faz a ponte entre a construção e a rua. Foi ali que o pessoal do Laboratório da Música Paraense montou um palco para Djs e apresentações especiais interagirem com o público que queria um folga dos shows – e, claro, para fumar. O mais interessante é que o deck acaba interagindo também com quem está na rua, do lado de fora do Hangar, ampliando o alcance das músicas.
Meu set foi uma bagunça calculada. Começou com “Dos Gardenias”, do Buena Vista Social Club, e emendou com Junio Barreto (“Setembro”), Wado (“Com a Ponta dos Dedos”), Nina Becker (“Toc Toc”), João Brasil (“Samba das Mulhé – De Leve x Los Hermanos), Banda Gentileza (“Coracion”), Pélico (“Vamo Tenta”) até encontrar White Stripes (“Conquista”, cantada em espanhol), Decemberists (“Calamity Song”) e Wilco (“Dawned on Me”), ciscar no rap com Criolo (“Subirusdoistiozin”) e Emicida (“Num é Só Ver”) e terminar MPB clássica (Jorge Ben, Tim Maia, Gal Costa, Elis Regina, Chico Buarque)… Foi bem bacana.
Por estar discotecando perdi o começo do DeFalla com a formação original (Edu K, Biba Meira, Flávio Flu Gomes e Castor Daudt) tocando os clássicos absurdos dos dois primeiros álbuns (1987/1988): “Sodomia”, “Não Me Mande Flores”, “Papaparty”, “Melô do Rust James”, “Jo Jo”, “I’m an Universe”, “Sobre Amanhã” (dedicada sacaneamente para Thedy Correa) “Repelente”, “I Have to Sing a Song”, “It’s Fuckin’ Borin’ to Death” e uma rara concessão a material mais antigo, a não menos fodaça “Caminha (Que Aqui é de Osasco)”, lançada no ótimo “Kingzobullshitbackinfulleffect92” (1992). Show pra deixar todo mundo com sorriso no rosto.
Os uruguaios do El Cuarteto de Nos assumiram o palco principal logo depois mostrando um som forte. Rock de arena de qualidade (algo que brasileiros geralmente não sabem executar/produzir bem) com os hits “Hoy estoy raro”, “Ya no sé qué hacer conmigo” e “Bipolar” batendo ponto e conquistando a galera. Então o indivíduo deixa o palco de rock e encontra o público se entregando até as últimas consequências ao show da Gang do Electro, uma das grandes surpresas da cena paraense atual (e que deve dar o que falar em 2012). Batidas fortes nas pick-ups de DJ Waldo Squash com o vocalista e performer Marcos Maderito comandando a galera (garotas de salto alto e saias curtas) que vai até o chão. Pique de impressionar no grande show do festival.
Já era quase quatro da manhã quando Lobão subiu ao palco para mostrar sua faceta barulhenta e elétrica recheada de hits em versões pesadas. Os sucessos vieram enfileirados: “Canos Silenciosos”, “Vida Bandida”, “Vida Louca Vida”, “Decadence Avec Elegance”, “Radio Bla”, “Noite e Dia”, “Essa Noite, Não”, “Me Chama” e “Corações Psicodélicos” (“A única música alegre que compus na minha vida”, fez questão de ressaltar). Ainda houve espaço para encaixar “Ronaldo Foi Pra Guerra”, “El Desdichado II”, “O Homem Bomba” e uma versão de “Help”, dos Beatles. Como escreveu Lobão depois no Twitter, “Que puta show. 5 da matina e todo mundo aplicadinho”. Não tem como discordar.
Foto 1: Marcelo Costa
Foto 2 e 4: Thiago Araujo
Foto 3: Taiana Laiun
Foto 4: Caio Brito (Maveka)
Veja mais fotos do Se Rasgum no Flickr oficial (aqui)
Leia também:
– Tudo sobre o Festival Se Rasgum 2011, por Marcelo Costa (aqui)
0 comentário
Faça um comentário