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Posts from — agosto 2011

Pukkelpop cancela sua edição 2011

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Foto de Jan Geloen

Já faz alguns anos que virei um freqüentador de festivais europeus. Os da Bélgica, principalmente, tem um lugar cativo no meu coração. Se pudesse, iria todos os anos ao Cactus, em Bruges, e ao Rock Werchter, em Leuven, vizinha a Bruxelas. Levo duas pulseiras do festival no punho (das edições 2008 e 2009) seguindo um ritual comum por lá: quase todos os fãs do festival tem em seu braço os festivais inesquecíveis.

Sempre comento que um festival de verão é muito mais do que shows. A música movimenta tudo, mas o que interessa é a experiência. É estar em um festival com 60 mil pessoas e se divertir. É louvar o sol – quando não chove – por um fim de semana. Em Hasselt, na Bélgica, choveu por pouco mais de 10 minutos, uma tempestade aparentemente imprevisível que devastou o festival deixando, até agora, cinco mortos.

Há, ainda, cerca de quarenta pessoas feridas, algumas em estado grave em decorrência da queda de dois palcos avariados por árvores derrubadas pela força do vento. Como uma tempestade dessa magnitude surge sem que o festival (e as autoridades locais) se dê conta é a questão que fica, mas que não trará os mortos de volta. Com certeza, a tragédia trará mudanças sérias para os festivais de verão em 2012.

Na manhã desta sexta-feira, a organização do festival (que teve sua primeira edição em 1985) soltou um comunicado dizendo que o cancelamento da primeira noite seria estendido aos outros dois dias (o line up tinha com headliners Foo Fighters, Eminem e Offspring mais shows de Twilight Singers, Raveonettes e Trail of Dead, entre muitos outros):

“Pukkelpop está de luto profundo. Sentimos muito com as famílias e amigos das vítimas. Palavras não podem descrever. Não podemos, portanto, continuar com o festival. Por isso, decidimos cancelar todos os shows do Pukkelpop 2011. O que aconteceu aqui é excepcional e imprevisível. Estamos muito tocados por toda a ajuda espontânea que recebemos dos freqüentadores do nosso festival. Apelamos a todos os Pukkelpopers que retornem para suas casas de forma serena. Há ônibus e trens extras para todos. Pedimos a todos compreensão para esta decisão muito difícil.”

Nunca fui ao Pukkelpop, mas já planejei (e ainda quero ir). Ainda assim, sinto uma dor forte no peito, uma tristeza profunda. Não pelo festival em si. Lembro de dois caras comentando comigo no Werchter: “Isso daqui não é a Bélgica. Esse capitalismo não nos representa”. Mas sim por aqueles que fazem da música um estilo de vida, e dos festivais uma extensão desse modo particular de viver. Cinco deles morreram ontem. É imensamente triste.

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Foto de Jan Geloen. Veja outras fotos aqui

agosto 19, 2011   No Comments

Três Filmes: o ilusionista, o parque e os baianos

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“O Ilusionista” (“The Illusionist”, 2006)
Com um intervalo de menos de três meses, o ano de 2006 recebeu dois grandes filmes tendo o mundo da mágica como tema (parece que Hollywood ama auto-sabotagem): “O Ilusionista”, de Neil Burger, e “O Grande Truque”, de Christopher Nolan. Os dois fizeram sucesso (o primeiro arrecadando US$ 87 milhões e uma indicação ao Oscar enquanto o segundo faturou US$ 109 milhões e duas indicações para o prêmio máximo da Academia), mas na época só assisti ao filme do Nolan – até hoje “O Grande Truque” é meu filme preferido do diretor. Não sei o motivo, mas não esperava muito da trama de “O Ilusionista”. A história se passa em Viena na virada do século 19 e o ponto de partida – princesa se apaixona por plebeu e a família da primeira precisa separá-los – é um mito de época que resvala no clichê, e segue tropeçando em um roteiro (adaptado pelo próprio diretor) que não prima pela personalidade. Edward Norton vive o mágico ilusionista, mas quem rouba a cena é Paul Giamatti, excelente como inspetor chefe num filme muito mais realista que “O Grande Truque” – e também mais fraco.

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“Férias Frustradas de Verão” (“Adventureland”, 2009)
Após o imenso sucesso com “Superbad” (custou US$ 20 milhões e faturou US$ 170 milhões), o diretor Greg Mottola decidiu também assumir a função de roteirista (cargo que em “Superbad” havia ficado com a dupla Evan Goldberg e Seth Rogen) para contar uma história pessoal de sua adolescência: a falta de grana para fazer um curso lhe levou a trabalhar durante o verão em um parque de diversões. Voltamos para 1987. Jesse Eisenberg (de “A Rede Social”) interpreta (muito bem) James Brennan, o cara nerd e virgem que acaba se apaixonando por Emily “Em” Lewin (Kristen Stewart gracinha pré-“Crepúsculo” – “Adventureland” foi filmado antes da saga de vampiros, mas lançado depois) em um cenário de muitas confusões. A trama básica de uma história calcada no “boy meets girl” sobrevive com certo charme em um filme de trilha sonora arrebatadora escolhida pelo Yo La Tengo (essa cena aqui, em especial, é para fazer o cara se apaixonar) que fracassou nos cinemas, mas que merece muito uma segunda chance (em torrent ou DVD) – principalmente se você gosta de comédias românticas.

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“Filhos de João – O Admirável Mundo Novo Baiano” (2010)
Esqueça as regras básicas do cinema documental. Quem for assistir ao documentário de Henrique Dantas esperando uma obra que desbrave a origem de um das míticas formações musicais brasileiras, irá se decepcionar. “Filhos de João” começa tentando contextualizar a formação dos Novos Baianos, mas não apresenta todos os integrantes nem diz como a maioria deles entrou na banda. Pra lá do meio do filme, por exemplo, Pepeu Gomes concede um depoimento. É a primeira vez que aparece em cena, e um desinformado talvez nem saiba que ele era um novo baiano. Dantas parte do pressuposto errôneo que o público conhece tanto sobre o grupo quanto ele (ou não leu mesmo o “Manuel de Documentarista”), e esse tropeço só não lhe custa o filme porque a história dos Novos Baianos é sublinhada por dezenas de causos absurdamente surreais e hilários – alguns deles na presença do mestre João Gilberto – e algumas cenas antológicas de arquivo de época que fazem de “Filhos de João” um filme deliciosamente obrigatório. De quando o conteúdo é melhor que o formato.

agosto 18, 2011   No Comments

Três vídeos: o rock nacional perdido na noite


Legião Urbana, 1987


Ultraje a Rigor, 1987


Os Paralamas do Sucesso, 1987

Leia também:
– Clássicos do rock nacional: “Nós Vamos Invadir Sua Praia” (aqui)

agosto 18, 2011   No Comments

36 jeitos de ver um mosquito esmagado…

Uma das obras primas de Caco Galhardo. Clique na imagem para ler

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agosto 18, 2011   No Comments

Opinião do Consumidor: Liefmans Fruitesse

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As Fruit Beers são uma verdadeira febre na Europa (que de dois anos para cá também se rendeu a Sidra). Um resumo rápido diria que uma cerveja frutada é aquela de conjunto harmonioso em que o sabor da fruta é balanceado com o da cerveja. Mas nem sempre é assim: na sul-africana Pineapple Fruit Beer, por exemplo, o sabor de abacaxi se perde em meio ao álcool. Na brasileira Göttlich Divina!, o guaraná está presente, mas fica em segundo plano. Estes elementos estão ali para causar um charme no conjunto.

O oposto, em que o sabor da fruta compete em igualdade com o malte, é muito mais comum. Da excelente Wells Banana Bread até a seleção caprichada da holandesa Mongozo (coco, banana, manga, quinua e palmnut – esta última, segundo o fornecedor, “uma experiência espiritual”) chegando até o extenso cardápio de Fruit Beers de cereja e framboesa, que destacam as belgas Kriek Boon (em que cada litro de cerveja recebe ao menos 250 gramas de cereja) e Mort Subite (não se assuste com o nome).

A cervejaria Lifemans, da cidade de Oudenaarde, nos Flandres Orientais da Bélgica, foi fundada em 1679 especializando-se em produzir Oud Bruin (estilo de cerveja originário da região flamenca da Bélgica) e lambics, a maioria frutada (limão, pêssego e cereja). A empresa faliu em 2008, sendo adquirida pela Duvel Moortgat Brewery, que manteve a produção de algumas estrelas da casa como a própria Oud Bruin e a Liefmans Fruitesse (embora tenha perdido a Lucifer para a Het Anker Brewery).

Importada pela Beer Paradise, a Liefmans Fruitesse (com maturação de 18 meses em caves recebendo posteriormente sumos naturais de frutas vermelhas) é um ótimo exemplar do estilo fruit beer já a partir do aroma intenso de cereja, de morango e framboesa – e nada, absolutamente nada que lembre álcool. O primeiro toque na língua reforça o aroma, mas conforme a cerveja se ambienta no paladar, características de amargor a azedo marcam presença não influenciando no final, que permanece adocicado.

Apesar de não estar aparentemente presente no conjunto, a graduação alcoólica de 4,2% da Liefmans Fruitesse é próximo ao de algumas american lagers nacionais (a Skol e a Nova Schin, por exemplo, têm 4,7%; a Bavária traz 4,6%). Refrescante, cítrica, adocicada e fácil de beber (sem muita complexidade em sua fórmula), a Liefmans Fruitesse é uma boa fruit beer que se aproxima (grosseiramente) de um espumante. Para dias quentes e/ou para acompanhar sobremesas. A garrafa de 250 ml está entre R$ 8 e R$ 12.

Teste de Qualidade: Liefmans Fruitesse
– Produto: Fruit Beer
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 4,2%
– Nota: 2,35/5

Leia também:
– Que tal uma cerveja de banana? E de manga? (leia aqui)
– Wells Banana Bread: uma cerveja que merece ser provada (aqui)
– Kriek Boon: Pode rolar romance, por Marcelo Costa (aqui)

agosto 17, 2011   No Comments

Três Filmes: Bandidas, Professoras, Dentistas

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“Bandidas” (“Bandidas”, 2006)
Sempre duvidei desse filme. Olhava a capa do DVD em promoções, admirava a beleza da deliciosa dupla de atrizes, mas pensava: deve ser uma bomba. Dia desses, num fim de semana preguiçoso debaixo do edredom, eis que o filme começa em um canal a cabo qualquer, e deixei. E não é que o filme surpreendeu. Luc Besson (adoro “O Quinto Elemento” e gosto do cult “O Profissional”) escreveu o roteiro e produziu deixando a direção para os desconhecidos Joachim Rønning e Espen Sandberg. A dupla imprimiu um ritmo bacana à trama que homenageia velhos faroestes enquanto espeta os Estados Unidos: na história, um norte-americano mata o chefão de um grande banco mexicano e ameaça levar a fortuna do país para os yankees. Entram em cena a patricinha Sara Sandoval (Salma Hayek) e a caipira María Alvarez (Penélope Cruz) – a química entre as duas musas é cativante – que juntas formam uma dupla especializada em roubar bancos. Elas são auxiliadas pelo ótimo Steve Zahn (a cena do beijo é hilária) e por Sam Shepard, que ensina às garotas as manhas da arte do latrocínio. Diversão desencanada.

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“O Sorriso de Mona Lisa” (“Mona Lisa Smile”, 2003)
Eis outro filme que sempre evitei. Nada contra Julia Roberts, muito pelo contrário. Cheguei ao cúmulo de ver 14 vezes “Adoro Problemas” – com Julia e Nick Nolte – no cinema (conto a história toda em um texto antigo aqui), mas o que me fazia evitar “O Sorriso de Mona Lisa” era essa pretensa aura “carpe diem”, que tem como maior representante “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989). Dia desses, no mesmo esquema de “Bandidas” (debaixo do edredom), o filme começou na TV a cabo, e deixei. O diretor Mike Newell não consegue evitar que o filme soe óbvio (professora progressista de história da arte muda vida de grupo de meninas em colégio católico nos anos 50). Julia interpreta Katharine Watson, a tal professora que quer exibir quadros de Jackson Pollock para suas alunas – mais preocupadas em se casar antes dos 20 anos – estereotipadas: Giselle Levy (Maggie Gyllenhaal) é a inconseqüente, Betty Warren (Kirsten Dunst) é a metida à inteligente que acha saber tudo da vida enquanto Joan Brandwyn (Julia Stiles) é a simplória sonhadora. Resultado: não verei duas vezes…

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“A Mulher Sem Cabeça” (“La Mujer sin Cabeza”, 2008)
Em seu terceiro filme (após os elogiados “O Pântano”, de 2001, e “A Menina Santa”, de 2004), a diretora argentina Lucrecia Martel radicaliza na simplicidade retirando de cena qualquer objeto que soe supérfluo para a trama. Duas histórias aparentemente distintas abrem “A Mulher Sem Cabeça”: na primeira, alguns meninos brincam em um canal; na segunda, uma mulher se despede das amigas e entra em um carro. O desfecho das duas histórias é óbvio (mas não clichê: Martel aprecia a trivialidade da tragédia), porém o que interessa não é o desfecho deste primeiro cenário, mas como a personagem lida com o ocorrido. A dentista Verónica (María Onetto) entra numa espiral de desespero que, num primeiro momento, faz com que ela se esqueça de tudo (um certo bloqueio). Seu próximo passo é tentar lidar com a situação. Por fim, numa cartada a lá David Lynch, Lucrecia Martel questiona (com genialidade) a realidade dos acontecimentos: pouca coisa acontece no filme, e ainda assim o espectador fica com a sensação que realmente nada aconteceu. Será tudo produto da mente de Verônica? Qualquer resposta encontra um grande filme.

Leia também:
– Julia Roberts, Maggie Carpenter, Anna Scott e Anna Julia (aqui)
– Não há moralismos em “A Menina Santa”, por Jonas Lopes (aqui)
– “A Menina Santa”, uma pequena aula de cinema, por Mac (aqui)

agosto 17, 2011   No Comments

Top 5 – Conexão Vivo Salvador

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Foto: Tiago Lima / Conexão Vivo

Jarmerson Lima (Coquetel Molotov)
01) Black Sonora convida Di Melo
02) Senta a Pua! convida Elza Soares
03) Celso Moretti convida Edson Gomes
04) A Cor do Som
05) Gaby Amarantos

Marcelo Costa (Scream & Yell)
01) A Cor do Som
02) Flávio Renegado convida Lenine
03) Senta a Pua! convida Elza Soares
04) Gaby Amarantos
05) Porcas Borboletas convida Paulo Miklos

Murilo Basso (Rolling Stone)
01) A Cor do Som
02) Senta a Pua! convida Elza Soares
03) Gaby Amarantos
04) Porcas Borboletas convida Paulo Miklos
05) Flávio Renegado convida Lenine

Ramiro Ribeiro (Gazeta de Alagoas)
Gaby Amarantos
A Cor do Som
Senta a Pua! convida Elza Soares
Celso Moretti convida Edson Gomes
Flávio Renegado convida Lenine

Rodrigo Ortega (Billboard)
01) Gaby Amarantos
02) Senta a Pua! convida Elza Soares
03) Flávio Renegado convida Lenine
04) Família de Rua na Estrada – Duelo de MCs
05) A Cor do Som

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Foto: Marcelo Santana / Conexão Vivo

Leia mais
Tudo sobre o Conexão Vivo em Salvador (aqui)
Conexão Vivo em Salvador: Dia 1 (aqui)
Conexão Vivo em Salvador: Dia 2 (aqui)
Conexão Vivo em Salvador: Dia 3 (aqui)
Conexão Vivo em Salvador: Dia 4 (aqui)
Cinco grandes shows por cinco jornalistas (aqui)

agosto 15, 2011   No Comments

Conexão Vivo Salvador – Dia 4

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Domingo, último dia da maratona de encontros do Conexão Vivo em Salvador. O sol, que parecia tímido nos dias anteriores, mostrou as caras e surgiu lindo. A lua não ficou atrás: uma bola amarela nascendo do oceano. Nos dois palcos montados na Pituba, um show de diversidade musical que começou percussivo, mostrou novas sonoridades do samba, virou reggae e terminou hip-hop – com um aceno de MPB.

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Os baianos do Grupo Percussivo Mundo Novo abriram os trabalhos para um bom público mostrando a sonoridade de seus instrumentos de percussão feitos de material reciclado – por eles mesmos. O auge do show foi o convite ao mestre Wilson das Neves, que desfilou elegância em “O Samba e Meu Dom”. Na sequencia, Peu Meurray trouxe ao palco seu parceiro Magary (mais percussões e pneus) em um show que mostrou personalidade.

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Manuela Rodrigues, que havia se apresentado na sexta com o trio vocal Três na Folia, mostrou que além de tradição também gosta de provocar cantando bons novos sambas de seu primeiro disco solo e convidando Romulo Fróes ao palco para cantar com ela “Para Fazer Sucesso”, “O Filho de Deus” e “Outra Qualquer Por Aí”, esta última uma parceria inédita de Romulo com Clima que dá título ao disco de Manuela. Bom momento da noite e gancho para reflexões posteriores. Aguarde.

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O samba rock do mineiro Gustavo Maguá agitou a galera (ainda mais com a presença de Marco Matolli, do Clube do Balanço), mas o grande nome da noite no quesito público foi Edson Gomes, que cantou o reggae com Celso Moretti e com todo o público presente, dos seguranças ao pessoal dos carrinhos de lanches, que fizeram coro em “Camelô”, “Samarina”, “Malandrinha” e “Lili”. Para fechar, “A Carne”, de Marcelo Yuka, em versão de arrepiar.

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Flávio Renegado tinha uma missão difícil pela frente: agitar a galera após a festa de Edson Gomes. E ele não decepcionou. Mostrando domínio de palco e boas rimas, o rapper mineiro foi conquistando aos poucos a plateia enquanto alternava canções de seu primeiro álbum (o bom “Do Oiapoque a Nova York”) com faixas novíssimas que estarão em seu vindouro segundo disco, “Minha Tribo é o Mundo”.

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Das novas, surpreenderam as ótimas faixa título e “Suave” – que tem tudo para virar hit de salão. “Não Vou Ficar”, de Tim Maia, e a ótima “Sei Quem Tá Comigo” (do refrão grudento: “E na hora do perigo, quando a casa cai / Us guerreiro fica, us comédia sai”) foram os grandes momentos da noite, que terminou com Lenine dividindo o palco com o rapper (e cantando hits como “Hoje Eu Quero Sair Só” e “Jack Soul Brasileiro”). Preste atenção nesse nome: Flávio Renegado.

Todos as fotos por Marcelo Santana / Divulgação Conexão Vivo

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agosto 15, 2011   No Comments

Conexão Vivo Salvador – Dia 3

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Apesar da previsão apostar em chuva, o terceiro dia do Conexão Vivo em Salvador teve céu nublado, um pouco de vento e apenas o barulho das ondas beijando a praia, menos chuva. E o melhor público dos três dias do festival, que baixou na Pituba para conferir o dia mais eclético do projeto, que partiu do folclórico, passou pelo rap, abraçou o pop e terminou em clima de anos 70, com uma apresentação antológica d’A Cor do Som.

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 O grupo Sertanília, jogando em casa, mostrou sua sonoridade folclórica, que ganhou ainda mais força com a participação de dois ex-percussionistas do Cordel do Fogo Encantado. O palco ao lado, na sequencia, foi dominado pela Familia de Rua na Estrada, grupo mineiro que estreia fora de seu Estado divulgando a cultura hip hop. Na Pituba, o grupo exibiu interessantes duelos de MCs, que contagiaram a plateia.

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O folclore voltou a ordem do dia com a presença de Alisson Menezes e a Catrupia, grupo baiano que contou com a participação do pernambucano Paulo Monarco ve do também baiano Maviel Melo. Porém o que sacudiu e fez a festa da audiencia foram a presença da Véa Chica e do Boi-Burrinha, este último um indivíduo mascarado, fantasiado de burrinho, dançando em um círculo formado pelo próprio público (ou, como diz o título da último canção, “Brincar de Roda”).

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Na sequencia, a mineira Erika Machado sofreu com problemas no som – e com sua própria timidez, que até funciona em disco (o bom “Bem Me Quer Mal Me Quer”, produzido por John Ulhoa, do Pato Fu), mas que ao vivo a distancia ainda mais do público. Tanto que a convidada Rebeca da Matta ganhou o público com apenas uma canção, “Garotas Boas Vão Pro Céu, Garotas Más Vão Pra Qualquer Lugar” – escudada por Luizão, ex-Penélope, atual Dois em Um. Ainda assim, canções fofas de Érika como “Dependente”, “Tanto Faz”, “As Coisas” e “Felicidade” merecem atenção.

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Os mineiros do Senta a Pua! trouxeram mais tradição para o Conexão Vivo pagando tributo ao choro e ao samba. O show seguia fino, bonito, mas começou a virar histórico quando Elza Soares pisou no palco. Recém-operada da coluna (em junho), Elza cantou sentada em um sofá, e arrepiou interpretando Lupicínio (“Se Acaso Você Chegasse”), Noite Ilustrada (a história de “O Neguinho e a Senhorita”) e Roberto Martins e Mario Rossi (“Beija-Me”). Show findo, e o público querendo mais, Elza não economizou: cantou a capella “Espumas ao Vento” num dos momentos líricos do festival.

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O samba continuou ditando a noitada com o projeto (também) mineiro Samba de Compositor, que recebeu Mariene de Castro, mas o Conexão Vivo ainda reservava outro grande momento para o show de encerramento da noite de sábado: o reencontro da formação original d’A Cor do Som, quinteto formado em 1977 pelo grande baixista Dadi com Mú Carvalho (teclados), Gustavo (bateria), Ary Dias (percussão) e mestre Armandinho, na guitarra baiana (que convocou Pepeu Gomes para um antológico duelo instrumental).

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Em pouco mais de uma hora e meia, a Pituba deixou 2011 para se transportar para os anos 70 com timbres progressivos e duelos de solos de guitarra de cortar o céu nublado. O repertório privilegiou o terceiro disco do grupo, “Frutificar”, de 1979, pescando do álbum cinco músicas para o show das dez tocadas (da faixa título instrumental às versões empolgantes de “Beleza Pura”, de Caetano, e “Abri a Porta”, de Gil com Dominguinhos). Para fechar, o hino bicho grilo (parceria de Gerônimo com Lula Queiroga) “Dentro da Minha Cabeça”, gravado no sétimo disco do grupo, “As Quatro Fases do Amor” (1983), clima hippie totalmente em sintonia com a noitada.

Fotos: 1 por Tiago Lima; 2, 6 e 7 por Marcelo Santana; 03, 04 e 05 por Marcelo Costa

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agosto 15, 2011   No Comments

Conexão Vivo Salvador – Dia 2

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A noite de chuva na Pituba parecia trabalhar contra o segundo dia do Projeto Conexão Vivo, e teria conseguido afastar o público em (provavelmente) qualquer outro lugar do país (em São Paulo nem precisaria tanto), mas não em Salvador: apesar de São Pedro insistir em lavar a casa a noite inteira, os dois palcos montados na Pituba receberam um ótimo público, que aumentou consideravelmente nas duas grandes atrações finais de uma noite em que a tradição encontrou o novo.

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Babilak Bah, o Loop B mineiro, foi o mais prejudicado pela chuva abrindo os trabalhos do segundo dia no momento em que caia mais água (e com o público procurando um lugar seco) e pouca gente pode conferir seus experimentos sonoros – que contaram com a presença de Chico Correa. A paraense Iva Roth entrou também debaixo de chuva, mas o público foi chegando, e assim que Gerônimo, seu convidado, adentrou o ambiente com hits como “É de Oxum” e “Jubiabá” (gravada pelos Paralamas), a festa se fez debaixo d’água – e o encerramento, com “Sereia”, foi apropriado.

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E nada melhor para sambar na chuva do que uma coleção de clássicos de antigos carnavais. Foi isso que Claudia Cunha, Manuela Rodrigues e Sandra Simões – as Três na Folia – fizeram entoando com muito pique um repertório de sambas, frevos e axés que destacaram blocos de pot-pourris com “South Amercan Way”, de Carmen Miranda, “A Filha Da Chiquita Bacana”, de Caetano, “Como Vovó Já Dizia”, de Raul Seixas, e “Quê Que Essa Nega Quer”, de Luiz Caldas.

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A festa da tradição continuo na apresentação seguinte, em que a baiana Márcia Castro trouxe ao palco as belas Mayra Andrade, do Cabo Verde, mais a paulista Mariana Aydar e a também baiana Mariella Santiago. A chuva voltou a apertar, mas o público não arredou pé seduzido por um repertório que tinha Rita Lee (“De Pés no Chão”), Clara Nunes (“Canto das Três Raças”), Jorge Ben (“Menina Mulher da Pele Preta”, um dos grandes momentos do show) e encerrou com as quatro damas cantando na cidade amada “Os Mais Doces Bárbaros”.

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O mineiro Pedro Morais pegou a plateia em festa, mas não soube aproveitar o momento com um show cansativo e arrastado, pop demais para a chuva – cujo ponto alto foi o anúncio de uma canção sobre sustentabilidade (?), que ele acabou nem tocando. No entanto, o bom moço Pedro foi esperto o suficiente para convidar o pessoal da Maglore para o palco. Jogando em casa, os baianos tiveram as canções de seu álbum de estreia cantadas pelo público e saíram aplaudidos.

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Com a chuva dando uma pequena trégua, e um excelente público lotando a arena na beira da praia, a popstar paraense Gaby Amarantos subiu ao palco decidida a entortar os quadris do público com sua voz grave e batidas fortes de tecnobrega. Gaby abriu o show com a forte “Faz o T”, emendou “Beba Doida”, da banda Xeiro Verde, com “Bebo Sim” (clássica na voz de Elizeth Cardoso), puxou o coro de “Belo Monte Não” e impressionou em “Laje”, um mix de tecno com guitarras heavy metal. Baita show que permite o clichê alma lavada.

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Grande estrela do segundo dia, Lenine entrou no palco pouco depois da meia-noite recebido por um público excelente que não arredou o pé perante a chuva forte e acompanhou o compositor pernambucano em canções de Raul Seixas (“Ouro de Tolo”) até sucessos próprios como “Martelo Bigorna”, e parcerias com Paulo Cesar Pinheiro (“Leão do Norte”), Dudu Falcão (“Paciência”) e Arnaldo Antunes (“Céu e Muito”).

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O Conexão Vivo em Salvador continua neste sábado a partir das 18h30 na Pituba. O dia até amanheceu nublado, mas o sol voltou bonito. Tomara que São Pedro segure a água nesta noite. Hoje tem A Cor do Som com a formação completa…

Fotos: 1 2, 3 e 5 por Marcelo Santana; 4 por Tiago Lima; 6, 7 e 8 por Marcelo Costa

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agosto 13, 2011   No Comments