Posts from — junho 2011
Mixtape para o Dia dos Namorados
Domingo é o Dia dos Namorados. Como o clima paulistano anda indicando, é a mais bela das datas comemorativas. Assim sendo, aqui está uma mixtape preparada especial para esse dia.
Explicações: A melhor carta de amor que você pode escrever para alguém é uma mixtape. A maneira mais eficaz de sofrer, também. Casais felizes são seres odiáveis. Porque são espaçosos, grudentos, babosos e cínicos. Sofrer não é melhor, mas também é digno.
Por isso, o B.A.E.A. preparou uma mixtape especial para esse Dia dos Namorados com 14 canções escolhidas por Paulo Terron e Rodrigo Levino sobre tomar um fora, ficar sozinho e/ou seguir adiante (há quem consiga). O setlist segue abaixo.
Boa sorte. Você não está sozinho. Na lástima, claro. Ouça abaixo.
junho 10, 2011 No Comments
Chegou o meu King of Limbs
A questão é: será que no vinil o álbum melhora?
Leia também:
“The King of Limbs”: pela primeira vez o Radiohead decepciona (aqui)
junho 8, 2011 No Comments
Os CDs comprados na viagem
Tai a tradicional foto com todos os CDs (e livros e filmes) comprados na viagem. Não estranhe: tem diversas coisas nesta foto que eu já tinha em edições antigas, e que ou as comprei por terem bonus (como, por exemplo, o primeiro do BRMC e o disco do Blur) ou por algum outro motivo interessante (os discos do Bruce Springsteen foram lançados – todos – em edições com livros na Espanha. Comprei quatro, mas queria comprar a coleção toda)…
Clique na imagem para ver a foto em maior qualidade
Veja também:
– Os CDs comprados em 2008 (aqui), 2009 (aqui) e 2010 (aqui)
junho 6, 2011 No Comments
Documentário Fanzineiros do Século Passado
“Olá Marcelo,
Quem me deu a dica do Scream & Yell foi o Leonardo Panço, porém acho que podemos ter nos falado anos atrás… Bem, estou lançando o documentário Fanzineiros do Século Passado, que conta um pouquinho da história dos zines por aqui. Está disponível em: http://vimeo.com/19998552 e foi feito de forma DIY. Se puder ajudar na divulgação, agradeço muito! Grande abraço e vamos nos falando!
Márcio Sno”
http://marciosno.blogspot.com
junho 6, 2011 No Comments
Top 10 Shows da Viagem
“9 minutos de Jon Spencer Blues Explosion, Primavera Sound”
A viagem terminou, mas os relatos ainda não. Falta escrever sobre os três dias intensos em Londres (incluindo os shows de Art Brut e Kills) e sobre a passagem por Madri (e o sensacional licor de hierbas, Orujo), mas isso vai entrando durante a semana junto com as atualizações do Scream & Yell (muita coisa bacana para entrar no site). Por enquanto um Top Ten de shows da viagem. E nove minutos fodões de Jon Spencer e dez minutos intensos de Art Brut.
01) PJ Harvey no Paradiso, Amsterdã
02) Jon Spencer Blues Explosion, Primavera Sound
03) Pulp, Primavera Sound
04) Mercury Rev, Primavera Sound
05) Art Brut, no Lexington, Londres
06) Eric Clapton e Steve Winwood, no Royal Albert Hall
07) Grinderman, no Primavera Sound
08 ) M. Ward, no Primavera Sound
09) Sufjan Stevens, no Primavera Sound
10) John Cale, no Primavera Sound
“10 minutos intensos de Art Brut no Lexington, Londres”
Leia também:
– Top 5: o melhor do Primavera Sound 2011, em Barcelona, por Marcelo Costa, Marco Tomazzoni, Rodrigo Levino e Tiago Agostini (aqui)
junho 6, 2011 No Comments
Uma dúvida e uma constatação
Não sei o que aconteceu com a barra de chocolate com hemp que eu estava trazendo na mala. Não era uma embalagem tão chamativa quanto esta aqui, e nem devia ter quantidade suficiente de erva para causar algum efeito, mas simplesmente desapareceu da mala. Claro que posso tê-la esquecido no minúsculo quarto de hotel em Londres no momento em que arrumei a mala (à meia-noite e acordei às 3h30 para pegar um ônibus para o aeroporto de Luton às 4h da madruga), mas minha lembrança me diz que coloquei-a dentro da mala.
O problema é que a lembrança é tão confusa que nem em qual mala eu sei que guardei. Uma delas foi despachada em Londres, e a inofensiva barra de chocolate pode ter sido confiscada ali. Essa mesma e mais outra ficaram em um locker no aeroporto de Madri, e ambas fizeram o trajeto Madri/Santiago/São Paulo na sequencia. Lembro que quando abri a mala ao voltar dos Estados Unidos havia um papel informado que minha mala havia sido revistada. Confiscada ou não, a barra de chocolate não veio. Fica a dúvida.
Ao menos, a mostarda e os seis queijos holandeses chegaram salvos.
junho 6, 2011 No Comments
Amsterdam, uma cidade mágica
É muito difícil falar de Amsterdam. A maior cidade dos Países Baixos (com cerca de dois milhões de habitantes na área metropolitana) é cercada de pré-conceitos que na enorme maioria das vezes relega a segundo plano a beleza e a personalidade de uma cidade viva, empolgante e apaixonante. Amsterdam já integra a minha lista de locais mágicos junto a Praga, Santorini, Paris e Veneza, cidades de personalidade tão particular que parecem únicas e especiais.
Amsterdam localiza-se entre os rios Amstel e Schinkel e a cidade é formada por dezenas de pôlders (terras tomadas do mar e drenadas por diques e canais). Não a toa, 20% do total da área urbana é água. No total são 165 canais que fatiam a região central em pedacinhos (com 1281 pontes) conferindo um charme totalmente especial para a cidade, que ainda utiliza o tram como forma de transporte (uma versão moderna dos bondinhos), mas é dominada realmente pelas bicicletas, milhares delas.
Caminhar no horário do rush em Amsterdam é uma aventura. Os trams cortam as avenidas e passam a centímetros dos pedestres. As milhares de bicicletas, por sua vez, constituem um cenário de contemplação. Turistas e transeuntes se perdem no vai e vem intenso de bicicletas cortando calçadas, ruas e parques. Como principal meio de transporte da cidade, as bicicletas são quase que um retrato de cada pessoa ou família. Aliás, existem várias com caixotes para transportar crianças. Um charme.
A cidade ainda tem grandes museus dos quais se destacam o Rijksmuseum e o Van Gogh. O primeiro está em reforma desde 2005 e, por isso, 95% de seu acervo não está disponível para visitação. Apenas 400 quadros disputados centímetro a centímetro pelos turistas estão disponíveis, entre eles vários Rembrant, muitos Frans Hals e alguns Vermeer (“A Leiteira”, grande estrela da coleção, é tão competida aqui no verão quanto a Monalisa no Louvre). É preciso paciência para desfrutar o passeio, mas vale a pena.
Já o Museu Van Gogh exibe a maior coleção de obras do artista em todo o mundo, e é obrigatório mesmo não tendo algumas de suas obras marcantes (“A Noite Estrelada”, por exemplo, está no MoMA, em Nova York). O prédio, desenhado pelo arquiteto holandês Gerrit Rietveld, é bastante funcional e espaçoso permitindo um bom aproveitamento das obras que são apresentadas em ordem cronológica. E são várias imperdíveis com destaque para “O Quarto em Arles” e “A Casa de Vincent em Arles”.
Ou seja, Amsterdam é muito mais que o Red Light District e os coffeeshops. Eles estão ali, símbolos de uma cidade livre (ou que tenta lidar de alguma forma com a sensação de liberdade), mas muita gente tenta (na maioria das vezes inconscientemente) reduzir Amsterdam ao comércio de sexo e drogas. A prostituição, por exemplo, é considerada profissão legalizada em toda a Holanda, que garante assistência médica, direitos trabalhistas e fiscalização de condições de trabalho às damas.
O Bairro da Luz Vermelha existe desde o século 13, época em que marinheiros chegavam cansados de longos meses no mar, e encontravam um descanso nos braços das moças da região. Hoje em dia, as ruas Gordijnensteeg e Korte Stormsteeg são as mais agitadas do bairro, e não são só frequentadas por pessoas interessadas nas garotas, mas sim por curiosos em geral (o que é meio surreal). O serviço, segundo consultou esse jornalista (a gente tinha que perguntar, né) saia 50 euros por 15 minutos de trabalho, e várias delas eram muito bonitas – ao menos nas ruas principais, em que o aluguel de um quarto (como nesse anúncio aqui) é mais caro.
Já os cofeeshops estão distribuídos por várias regiões do centro e mesmo em alguns bairros residenciais. Existem alguns mais famosos com filiais pela cidade e outros menores. Poucos vendem cerveja, quase nenhum aceita cigarro e muitos deles deixam o visitante fumar a marijuana comprada em outro local. A maconha é liberada nos locais autorizados (olha o cardápio), ou seja, nada de fumar na rua. Além dela, outros produtos alucinógenos são oferecidos pela cidade como o famoso space cake (bolo de maconha, esse aqui) e cogumelos em diversas versões (as descrições são hilárias. Veja aqui).
Além da possibilidade de fumar em um cofeeshop, o cidadão holandês pode ter uma muda de árvore de marijuana em casa ou mesmo comprar a erva nos cafés e consumir no lar. Porém, o governo busca inibir o turismo de drogas na cidade tentando aprovar uma lei que defende a proibição da venda de maconha para turistas. A idéia do projeto é que quem mora em Amsterdam (seja holandês ou não) tenha uma carteirinha de identificação que permita comprar e fumar marijuana na cidade.
Independente do resultado do projeto, o retrato que fica é o de uma cidade dois ou três passos à frente das demais. Lúdica, com seus belos canais navegáveis e suas ruas antigas dominadas por bicicletas. Bela, com seus imensos parques e seus museus imperdíveis. Calma, com seu transito lento e a sensação de que, aqui, as pessoas prestam um pouco mais de atenção a si mesmas. É muito difícil falar de Amsterdam. Nem todas as palavras conseguem transpor com tanta clareza o encantamento de uma cidade mágica.
Todas as fotos por Marcelo Costa. Mais no álbum da viagem aqui
Leia também:
– Diários da Europa: 2011 (aqui), 2010 (aqui), 2009 (aqui) e 2008 (aqui)
– Um domingo de descanso no paraíso, Santorini (aqui)
– Perambulando pelas ruazinhas encantadoras de Praga (aqui)
– A beleza de Veneza e a siesta de Treviso (aqui)
– “Parri, Parri” ou um olhar bêbado sobre a Torre Eifel (aqui)
junho 5, 2011 No Comments
Ao vivo: PJ, Clapton e Winwood
O Paradiso, em Amsterdã, é uma velha igreja do século 19 transformada em salão de shows em 1968 (após uma frustrada invasão de hippies no ano anterior). De 1968 para cá já passarampela casa quase todas as grandes lendas do rock. Dos Stones (que fizeram dois shows semi-acusticos no local em 1995) aos Sex Pistols, do Joy Division ao Arcade Fire, do Nirvana ao Wilco, a lista é imensa. Há um salão principal e dois anéis superiores (no total, pouco mais de 1500 pessoas por show) e mais duas salas menores para apresentações intimistas.
A turnê “Let England Shake” tem estado sold out em quase todas as cidades pela qual passa, e em Amsterdã não foi diferente. Os ingressos se esgotaram tão rapidamente que uma segunda data foi marcada, e na noite do primeiro show nada de cambistas na porta (apesar de na internet ser possível comprar o ingresso por 90 euros – na bilheteria era 40), mas sim muita gente vendendo pelo preço que pagou. O problema é entender o holandês. Quando alguém oferece um ingresso na língua pátria, no mesmo instante vende. Só alguns segundos depois os “turistas” percebem a negociação.
No segundo dia, porém, a sorte bate no nosso ombro. “Vocês querem ingressos? Eu comprei para os dois dias, e ontem foi sensacional, mas não vou poder ir hoje. Vou ter que ficar cuidando dela”. Ela, no caso, era um bebe em um carrinho, e os ingressos saem pelos mesmos 40 euros da bilheteria. Cerca de 30 pessoas já estão postadas frente ao palco uma hora e meia antes do show, mas optamos por um local mais singular: um banco no terceiro piso, quase dentro do palco. O local enche rapidamente criando um clima intimista e então Polly Jean adentra o palco… vestida de preto.
Ao contrário dos shows anteriores da turnê (ao menos em São Francisco, no Coachella e no Primavera Sound), em que a cantora se apresenta de vestido longo branco, nesta segunda noite em Amsterdã, PJ aparece trajando luto, mas o show é muito mais alegre do que os anteriores. Boa parte do mérito é do público, que aplaude efusivamente todas as canções do difícil e belo disco novo da cantora, que é tocado na integra (incluindo um b-side). Para surpresa de alguns, “The Sky Lit Up” surge na primeira parte do show, mas a dobradinha “Down by the Water” e “C’mon Billy” é o ápice.
A apresentação segue o mesmo roteiro que o show em São Francisco: ela não dirige nenhuma palavra ao público até o adeus, 18 músicas depois. Retorna para o bis clássico (“Big Exit”, “Angelene” e “Silence”) e se despede, mas o holandeses querem mais, e aplaudem por mais de cinco minutos até que a cantora quebra o protocolo da turnê e retorna para um segundo bis, e só não toca mais porque a noite já consumiu todas as canções que a banda tem ensaiada. “Tocamos tudo”, desculpa se Polly, que deixa o paraíso debaixo de uma grande salva de palmas.
O Royal Albert Hall, em Londres, é uma sala de espetáculos inaugurada em 1871 em frente ao Hyde Park pela rainha Victoria, que a batizou em homenagem ao falecido esposo Albert. O salão oval pode receber até 8 mil pessoas. É uma casa charmosa, que nesta noite recebe o encerramento da tour que uniu Eric Clapton e Steve Winwood, ex-parceiros no Blind Faith. A reunião já ganhou lançamento em CD e DVD de um registro no Madison Square Garden, e baixou em Londres com covers de Jimi Hendrix eMuddy Waters além de hinos próprios do quilate de “Layla” e “Cocaine”.
O charme do Albert Hall, no entanto, não consegue evitar o distanciamento para aqueles que estão sentados nos segundo e terceiro anéis ou em pé na galeria superior. O som é perfeito, mas a visão várias vezes é prejudicada, o que impede uma interação completa com o espetáculo. Não tira o brilho da noite, mas não a torna mágica. A base do repertório do show são canções do Blind Faith, grupo que Clapton e Winwood tiveram em 1968 ao saírem, respectivamente do Cream (o baixista Ginger Baker também se uniu ao projeto) e do Traffic (Ric Grech completava a formação).
Eric Clapton adentra o palco com uma Fender azul bebe que será trocada apenas uma vez durante a noite inteira (por uma preta em “Cocaine” – descontando o set acústico, claro) e abre o show com “Had To Cry Today”, que também abre o único disco do Blind Faith, homônimo, de 1969. Ele tem apenas dois pedais a sua frente, sendo que um deles é um wah-wah (que será usado em apenas duas músicas), e a economia nos efeitos engrandece o tour de force de riffs e solos mágicos que o guitarrista arranca de sua guitarra. Ela fala alto, e fatia a atmosfera do Albert Hall em pedacinhos.
Steve Winwood se alterna entre o piano, o violão e a guitarra, e apesar de não lembrar de várias letras (um tele-prompter enorme a beira do microfone o auxilia), ainda canta muito. Mesmo Clapton, quando rasga a voz, emociona, mas o ponto alto da noite acontece sempre que o homem mostra porque um dia foi chamado de o Deus da Guitarra. Eric Clapton impressiona. Ele parece estar entregue ao instrumento, que ressoa na belíssima acústica de forma espetacular. A guitarra parece uma extensão do músico, e exprime os sentimentos do bluesman como ninguém.
O repertório não traz nenhuma surpresa. “After Midnight” se junta a “Presence of The Lord”. “Glad” (Traffic) e “Well All Right” vem na sequencia, e o primeiro graaaande momento da noite surge com “Hoochie Coochie Man”. Robert Johnson é lembrado com “Crossroads”, mas o público vai ao delírio realmente com a versão linda de “Georgia On My Mind”. O set acustico é aberto com “Driftin” e ainda conta com “Layla” (a mais aplaudida e cantada durante as duas horas de show) e “Can’t Find My Way Home”. Quem ainda não tinha se rendido a dupla o faz em “Voodoo Chile”, de Jimi Hendrix. E “Dear Mr. Fantasy”, já no bis, encerra a noite de maneira consagradora.
São dois shows diferentes. Enquanto PJ e seus cavaleiros de aluguel (Mick Harvey, John Parish e Jean-Marc Butty) optam pela simplicidade (e tem a seu favor uma casa em que a aproximação do público faz toda a diferença), Eric e Steve (e mais uma banda excelente) exibem uma técnica impecável, um charme exuberante para uma enorme audiência (quatro vezes maior do que a do Paradiso) que está ali para ouvir hinos sem muitas surpresas. Polly Jean arrisca cantando canções difíceis que ainda não completaram nem seis meses de mercado, e ainda assim consegue uma impressionante aprovação do público. São dois shows diferentes… e excelentes.
junho 2, 2011 No Comments