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Posts from — maio 2011

Histórias do Ultraje a Rigor

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Lembro como se fosse hoje. Outubro de 1985. Um garoto sonhador entrando em uma loja de discos para gastar parte de seu primeiro salário em discos de vinil. O emprego, como aprendiz de escritório, pagava “Hum mil e trezentos cruzados” (está na carteira de trabalho), e entre outras coisas serviu para comprar cinco discos, entre eles, “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, do Ultraje a Rigor.

Corta para 2002. A primeira edição da revista Zero está sendo burilada, e uma seção da revista atende pelo nome de Fundamental, nada mais do que a versão da Zero para a Discoteca Básica da Bizz. Para fugir do óbvio escalando um disco dos Beatles ou dos Stones para figurar no número 1 da revista, a saída é a seguinte: qual disco de rock nacional simboliza para o brasileiro o que um disco dos Beatles significa para um inglês? O escolhido foi… “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, texto assinado por mim.

Outro corte, agora 2011. Recebo um convite para mediar um bate papo com a presença da autora da biografia do Ultraje, Andréa Ascenção, e alguns integrantes da banda, que marca o lançamento do livro “Nós Vamos Invadir Sua Praia”. O exemplar do livro chega em minhas mãos meio em cima da hora, mas a leitura (leve e gostosa) revela um excelente trabalho de pesquisa e entrevistas com diversas curiosidades que pegaram de surpresa até alguns integrantes da própria banda.

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A mesa é composta apenas por mim, Andréa, Roger e Marcos Kleine, o atual guitarrista da banda, mas antes mesmo de começar o ex-baterista Leospa é convocado para o papo. Durante a conversa ainda chegam Osvaldinho e Bacalhau. São mais de uma hora de histórias divertidas, curiosidades e muitas, mas muitas risadas. O áudio não está lá aquela maravilha, mas quem quiser saber como foi o papo (boa sorte) pode baixar o arquivo aqui. O livro, via Editora Belas Letras, já está nas lojas.

O saldo foi positivo – acredito. Gostei de como conduzi a conversa, de como toda coisa fluiu de forma divertida, e o que faltou ser dito (95%) está no livro. O papo, no entanto, me levou para um tempo em que tudo parecia… especial. Viver o rock nacional nos anos 80 em meio a uma abertura política foi importante para toda aquela geração. Foi importante para mim. E o Ultraje foi uma das bandas que melhor soube explorar esse viés histórico de forma humorada e anárquica.

Conduzir um papo com eles talvez seja uma forma de agradecer e/ou retribuir um monte de coisas. Muitas vezes esquecemos que somos frutos do meio em que vivemos, influenciados não só pela genética, mas também pelos amigos, pelos professores, pelas situações do dia a dia, e pela cultura, seja um livro ou, nos anos 80 especialmente, o rock nacional. Lembro como se fosse hoje. Outubro de 1985. O Marcelo Costa dos anos seguintes começou a nascer ali…

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Ps. Obrigado Ana, pelo convite, e parabéns Andréa pelo livro. Um grande abraço ao Ultraje.

maio 20, 2011   No Comments

Da França, Bière du Désert

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“Na Les Brasseurs De Gayantt, a cerveja ainda é preparada com o mesmo cuidado que um bom vinho”, avisa o site oficial da cervejaria francesa que produz, desde 1919, um catálogo de bons títulos cujos destaques são a La Divine, a Amadeus (“uma cerveja branca excepcional”, dizem os donos), a La Bière du Démon (“a cerveja loura mais forte do mundo”) e a Bière du Désert, apresentada como o “champagne das cervejas”.

Localizada em Douai, cidadezinha com pouco mais de 40 mil habitantes pertinho de Lille e da fronteira com a Bélgica, a Les Brasseurs De Gayantt é a segunda maior cervejaria independente da França (país cujas cervejas especiais representam 27% do mercado), e tem bastante influência do vizinho: Alain Dessy, mestre cervejeiro da casa, formou-se em engenheira cervejeira na Universidade de Louvain, Bélgica.

Primeira influência clara: os franceses seguiram a risca a tradição belga e conseguiram colocar 7,2% de teor alcoólico em uma cerveja levíssima, a Bière du Désert. Mesmo possuindo quase o dobro alcoólico de uma lager tradicional, a Bière du Désert impressiona pela leveza: em nenhum momento o álcool se faz presente. Eles conseguiram esconder o álcool, mas esqueceram de dar personalidade ao conjunto.

Refrescante como uma lager tradicional, a Bière du Désert tem um leve amargor e uma presença tão suave de lúpulo e malte que quase são imperceptíveis. A única qualidade da Bière du Désert, no final das contas, acaba sendo o modo como ela disfarça a forte presença de álcool, o que é muito pouco, vamos combinar. Na França, se tiver que escolher uma cerveja, vá de qualquer uma das Jenlain.

Bière du Désert só se tiver calor. E olhe lá.

Bière du Désert
– Produto: Strong Pale Lager
– Nacionalidade: França
– Graduação alcoólica: 7,2%
– Nota: 2,94/5

Veja também:
– Top 100 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– “Se Brigitte Bardot fosse engarrafada, seria a Jenlain Six” (aqui)

maio 16, 2011   No Comments

Horários do Primavera Sound e novidades

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Faltam 12 11 dias para o grande festival em Barcelona (e contando), e a produção finalmente liberou os horários de cada show. Ano passado as coisas começaram mais cedo, e desta vez está se estendendo pela madrugada. Sem pensar muito listei em bold o que eu gostaria de ver. Na hora, muita coisa vai cair (e outras surpresas devem entrar). Garantido mesmo para mim só os com asteriscos… na verdade, garantido só os com três asteriscos… (risos)

E, pena: não vai rolar de ver o Yuck…

Mais: além da escalação oficial com horários e palcos (tudo aqui), algumas “polêmicas” estão cercando a edição 2011 do festival. A mais séria (hehe): Barcelona decide a Champions League contra o Manchester United, em Londres, às 20h45 do dia 28/05. Ou seja,  na hora que o festival começa a pegar fogo. E a organização ainda não se manifestou se irá colocar ou não um telão no Parc Del Fórum.

Imagina que, se o Barcelona ganhar a Champions League, a cidade vai parar (e pirar). A questão, acredite, é seríssima, e está em aberto ainda. O horário do jogo bate com dois shows concorridos: o final do Fleet Foxes e o começo da PJ Harvey (que podem ter horários alterados). Na Ilha de Wight, ano passado, havia um telão para os jogos da Copa do Mundo. Foi doloroso ver os ingleses tropeçarem na frente dos Estados Unidos na estreia. Mas funcionou (ao menos na Inglaterra) tanto que no domingo transmitiram a Fórmula 1.

Algumas outras mudanças também estão sacudindo os bastidores do Primavera Sound. O aumento de 20% de público, a criação de mais um grande palco, os horários estendidos até a madrugada. A coisa mais maluca que eles passam a testar este ano: o cartão que dará acesso ao festival (modelo cartão de débito/crédito) será usado também para comprar bebida, comida e merchandising no ambiente do festival – e será pessoal podendo ser usado nos anos posteriores. Um modelo de fidelização interessantíssimo.

Tudo isso e algumas coisas mais você pode conferir aqui (valeu pelo link, Fábio). O fato é que há muita coisa legal no line up do festival e em tudo que o Primavera Sound vem fazendo em Barcelona. É um modelo de festival sensacional em que a coisa toda não se resume ao que acontece apenas no Parq Del Fórum, mas sim agita a cidade catalã por quase duas semanas em atividades (shows, palestras) em diversos lugares. Um festival para se admirar (e se inspirar, viu Brasil).

25/05 – QUARTA_FEIRA
Nisennenmondai 17h
Las Robertas 18h15
Comet Gain 19h30
Echo & The Bunnymen (Heaven Up Here/Crocodiles) 20h45 *
Caribou 23h *

26/05 – QUINTA-FEIRA
Toundra 17h
Marina Gallardo 17h
Colectivo Oruga 17h
GAF 17h
Emeralds 18h
Triángulo De Amor Bizarro 18h
Islet 18h
Dúo Cobra 18h
The Record Summer 18h15
Sonny & The Sunsets 19h
Moon Duo 19h
Blank Dogs 19h15
Cults 19h15
Thelemáticos 19h15
DM Stith 19h30
The Car Is On Fire 19h30
Of Montreal 20h
Sufjan Stevens 20h30
*
Seefeel 20h30
Ducktails 20h30
The Fresh & Onlys 20h30
Bearsuit 20h45
P.I.L. 21h15
Big Boi 21h15
*
Glasser 21h45
Oneohtrix Point Never 21h45
Connan Mockasin 21h45
Fernando Milagros 22h
Grinderman 23h ***
The Walkmen 23h

Smoke Fairies 23h
Glenn Branca Ensemble 23h15
Eladio y Los Seres Queridos 23h15
El Mató A Un Policía Motorizado 00h15 ***
Kyst 00h30
Caribou 00h45
Interpol 00h45
Suicide performing first LP 00h45 *
Das Racist 00h45
Ty Segall 01h30
Woody Alien 01h45
Gold Panda 02h
The Flaming Lips 02h15 ***
Salem 02h15
Lüger 02h15
Baths 03h15
Factory Floor 03h45
El Guincho 04h
Suuns Escenario Ray-Ban 04h
John Talabot 04h15
Girl Talk 05h

27/05 – SEXTA-FEIRA
DM Stith 16h
Nouvelle Cuisine 17h
Aias 17h
Ainara LeGardon 17h
Berlinetta 17h
Allfits 17h
Sufjan Stevens 17h
Julian Lynch 18h
Avi Buffalo 18h
Lichens 18h
Kokoshca 18h
Julia Kent 18h15
The Fiery Furnaces 19h
*
The Monochrome Set 19h
Tennis 19h15
La Célula Durmiente 19h15
Male Bonding 19h15
Jason Collett 19h30
M. Ward 20h *
James Blake 20h30

Wolf People 20h30
Dan Melchior und Das Menace 20h30
Maryland 20h45
The National 21h15 *
Pere Ubu plays “The Annotated Modern Dance” 21h15
Ariel Pink’s Haunted Graffiti 21h45
*
Half Japanese 21h45
Incarnations 21h45
Arto Lindsay 22h
Garotas Suecas 22h
Belle & Sebastian 22h45
*
No Joy 23h
Low 23h15 *
Twin Shadow 23h15
Perrosky 23h15
Field Music 00h15
Explosions In the Sky 00h30 *
Deerhunter 00h30
Ford & Lopatin (formerly Games) 00h30
Javiera Mena 00h30
Shellac 00h45
Kode9 Burial Set 01h30
Les Aus 01h30
Pulp 01h45 ***
Zurych 01h45
Autolux 02h15
Del Rey 02h45
Jamie XX 03h
Barry Hogan DJ 03h30
Battles 03h45 *
Simian Mobile Disco 03h45

Lindstrom 04h30
Carte Blanche 05h

28/05 – SÁBADO
Perfume Genius 16h
Za! 16h55
Cuzo + Damo Suzuki 17h
Pájaro Jack 17h
Disco Las Palmeras! 17h
The Tallest Man On Earth 17h30
The Soft Moon Escenario 17h30
John Cale & Band + BCN216 perform PARIS 1919 17h45 ***
Yuck 18h

La Débil 18h
Cloud Nothings 18h
Igloo 18h15
Warpaint 18h45 *
Papas Fritas 18h45

Phosphorescent 19h15
Ornamento Y Delito 19h15
tUnE-yArDs 19h15
The Birkins 19h30
Fleet Foxes 19h40 *
Nosoträsh “Popemas” 20h
Gonjasufi 20h30
The Album Leaf 20h30 *
Rubik 20h30
Deep Sea Arcade 20h45
Einstürzende Neubauten 21h15 *
Mercury Rev perform Deserter’s Songs 21h30

Gang Gang Dance 21h45
Money Mark 21h45 *
Kurt Vile & The Violators 21h45
Francis International Airport 22h
PJ Harvey 22h30 *
Matthew Dear (Live Band) 23h
Davila 666 23h
Dean Wareham plays Galaxie 500 23h15 *
A Classic Education 23h15
James Blake DJ 00h
Mogwai 00h15 **
Swans 00h15
Prince Rama 00h15
Tannhäuser 00h30
The Jon Spencer Blues Explosion 00h45 ***
Darkstar 01h30
Odd Future 01h45
Animal Collective 02h

Pissed Jeans 02h15
The Suicide Of Western Culture 03h
The Black Angels 03h15
DJ Shadow 03h30
Holy Ghost! 03h30
DJ Coco 03h30
Kode9 And The Space Ape 04h30
Caspa 04h45

29/05 – DOMINGO
Me And The Bees 17h
Deakin 18h15
My Teenage Stride 19h30
BMX Bandits 20h45
Mercury Rev perform Deserter’s Songs 22h00 ***

maio 13, 2011   No Comments

Biografia do Ultraje a Rigor

Dia 19 de maio, uma quinta-feira, a jornalista Andréa Ascenção conversa com leitores na Livraria da Vila em um bate papo que contará com a presença de Roger e compania, e que será mediado por mim. Convite abaixo.

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maio 10, 2011   No Comments

Cinco fotos: Bratislava

Clique na imagem se quiser vê-la maior

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Música

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1.405

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Os prédios

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O carregador de gelo

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Sem nome

Veja mais imagens de cidades no link “cinco fotos” (aqui)

maio 7, 2011   No Comments

Uma noite divertida com a Bidê ou Balde

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Noite divertidíssima com a Bidê ou Balde em São Paulo. A banda está de volta com um EP bacana (“Adeus, Segunda-Feira Triste” à venda aqui) e com a mesma energia caótica que fazia os shows circa 2001/2002 tão intensos. Abriram a noite com a nova “Me Deixa Desafinar” e emendaram sem dó “Melissa”, “Buddy Holly” e a (ainda) poderosa “É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos”. Em dez minutos o show já tinha feito a noite inteira valer a pena.

Com o pique lá em cima e todo mundo cantando junto, a banda atacou covers de Vaselines (“Molly’s Lips”) e “Não Me Mande Flores” (DeFalla), cantada inteirinha dentro de “Hoje”, do Camisa de Vênus, e canções de todos os discos: “Gerson” e “Vamos Para uma Excursão” de “Se Sexo é O Que Importa, Só o Rock é Sobre Amor” (2000)  e “Cores Bonitas”, “Matelassê”, “Microondas”, “Bromélias” e a rara “Aeroporto” do segundo álbum, “Outubro ou Nada” (2002).

A pesada “Mais Um Dia Sem Ninguém” e a grande balada dos anos 00, “Mesmo Que Mude”, representaram o terceiro disco e ainda rolaram boas faixas novas, “Tudo é Preza” e “(Não Existe Lugar) Mais Que o Japão”, em versões fortes que mostram que, para felicidade de muitos, a Bidê ou Balde está de volta com o mesmo pique e aquele show foda de sempre: Carlinhos sarreando tudo ao lado de Vivi, os dois escudados pelas guitarras fodonas de Sá e Pilla, o baixo de Jojô (Volantes) e a pegada certeira de Marcos Rubenich (Walverdes) na bateria.

Leia também:
– As grandes baladas nacionais dos anos 00 (aqui)

maio 5, 2011   No Comments

Bruxelas… ano que vem

Ok, martelo batido. Com muita dor no coração desistimos de Bruxelas no último dia. O gasto para ir para a cidade das cervejas seria alto demais, a gente ia ficar bêbado, perder o avião para Madri (que não iria sair do principal aeroporto da cidade, mas do Charleroi, que é looooonge) e nunca mais voltar. Não que eu não quisesse, mas…

Optamos em chegar a Madri pro almoço, e quem sabe dar um alô para o Guernica, para as Pinturas Negras e para As Meninas. Está tudo bem corrido, e a grana curtíssima. È quase traumático sair de uma viagem aos Estados Unidos com dólar a R$ 1,60 e partir para terras européias com euro a R$ 2,45 e libra a R$ 2,70.

Mas… ingressos do Primavera, do Clapton e do Art Brut em mãos. Torcer para que os cambistas em Amsterdã amaciem no show da PJ…

25/05 – Barcelona – Primavera Sound
26/05 – Barcelona – Primavera Sound
27/05 – Barcelona – Primavera Sound
28/05 – Barcelona – Primavera Sound
29/05 – Barcelona – Primavera Sound
30/05 – Amsterdã – PJ Harvey (esgotado)
31/05 – Amsterdã – PJ Harvey (esgotado)
01/06 – Londres – Eric Clapton e Steve Winwood
02/06 – Londres – Art Brut
03/06 – Londres – The Kills
04/06 – Madri
05/06 – São Paulo

maio 4, 2011   No Comments

loudQUIETloud: a film about the Pixies


Não sei se já aconteceu com você, mas comigo, várias vezes: você passa um tempo danado sem falar com uma pessoa (as coisas talvez não tenham terminado bem da última vez ou algo assim), e acha que tudo bem, a vida segue, mas chega um determinado momento em que você a reencontra, e todas as coisas se encaixam – como se o tempo não tivesse passado.

Acredite, acontece. Particularmente, sou um cara super estranho com as amizades. O motivo, olhando para mim mesmo, talvez seja porque eu necessite muito da solidão (ou eu necessito, ou eu acho que necessito), e as amizades existem exatamente para impedir que você fique sozinho. Lógico, para muitas outras coisas, mas fazemos amigos essencialmente para termos alguém com quem conversar e trocar ideias.

Risos. Engraçado como falar de uma banda que a gente ama pode entregar mais do que aquilo que a gente imagina. Ok, tenho meus amigos, mais até que do mereço, e eles são uma parte especial da vida. Existem aqueles que estão vivendo o aqui agora, aqueles que já viveram e vira e mexe aparecem para uma cerveja ou para um email carinhoso bissexto, e, alguns, que por algum motivo ficaram pelo caminho.

Existem também os amigos invisíveis, como diria Edgard Scandurra. As bandas, as músicas que sempre nos acompanharam, mas que por algum motivo desaparecem de nossas vidas. Não me lembro o motivo, mas eu tinha brigado com o Pixies. Eles continuaram na minha vida, não tinha como esquecê-los (imagina: toda vez que não ouço algo lembro que fiquei quase surdo por causa de “Doolittle”), mas algo nos distanciava.

Tentei ir vê-los quando eles tocaram em Curitiba, mas não rolou. Quando o Danilo e o Ricardo, da Mojo Books, me pediram uma história sobre um disco, não pensei duas vezes: Pixies (você pode baixar o livro gratuitamente aqui). As músicas iam e vinham, mas a volta da banda me deixou com um pé atrás, não sei o motivo. Os vi, depois, no Primavera Sound, e também no SWU, e algo em mim esperava mais, não sei o que.

Hoje assisti “loudQUIETloud: a film about the Pixies”, e parece que tudo se encaixou. As estranhezas das letras do Frank Black, os sorrisos chapados de cerveja sem álcool da Kim Deal, o olhar suspeito de Joey Santiago, a alegria nonsense de David Lovering, quatro pessoas que por algum motivo estiveram na mesma banda, fizeram grandes discos, brigaram e não tinham percebido o valor do que fizeram.

“loudQUIETloud: a film about the Pixies” mostra por a+b que ter uma banda é praticamente como viver em família, você cercado por pessoas estranhas cuja união é o sobrenome e o sangue – e muitos gens que fazem você reproduzir gestos e parecer com seus familiares. Tire os gens e você tem uma banda: pessoas estranhas que se juntam para fazer música.

A juventude preenche as lacunas dos espaços vazios quando você é jovem, mas quando se passa dos 30 e acumula tristezas (lembre-se: viver é acumular tristezas), as pessoas tendem a ficarem mais frias, cínicas e receosas sobre o mundo. Daí o silêncio. “loudQUIETloud: a film about the Pixies” é lotado de SILÊNCIOS, mas abre importantes clareiras para se entender uma banda tão estranha e genial como o Pixies.

E, por que não, nós mesmos?

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http://loudquietloud.com/

maio 3, 2011   1 Comment