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Coachella, Day 1

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O sol realmente arde no deserto. Após dez dias perambulando pelos Estados Unidos (Nova York e San Francisco com uma pequena parada em Las Vegas), apenas em Palm Springs foi possível tirar a bermuda da mochila e lamentar o esquecimento do protetor solar (obrigatório). A pequena cidade californiana ferve, e neste fim de semana respira a poeira do Coachella Festival, e a corrida atrás das disputadas pulseiras (que esgotaram em seis dias) terminou bem, mas muita gente caiu na enfermaria com insolação.

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Na verdade, tudo deu muito certo no primeiro dia do festival. Na ida rolou um taxi, que dividimos com mais três norte-americanos. Na volta, após uma extensa caminhada para sair do festival, conseguimos parar o taxi do David, um espanglish que não tirou o pé do acelerador até nos deixar no hotel – e também não largou o celular (imagina). Entre ida e chegada, muitos shows bacanas, algumas decepções, comida e bebida boas e com preço ok (tem Newcastle Brown Ale!!!) e a certeza de que o Brasil precisa camelar muito pra fazer um festival assim.

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Do começo. The Morning Benders mostraram músicas novas (mais eletrônicas) e empolgaram a galera da tenda Gobi, lotada. Após cinco músicas, a comitiva Scream & Yell partiu para o Stage (dispensando os chatões do Drums) para conferir o grande Cee Lo Green, que atrasou 20 minutos e só teve tempo de tocar quatro músicas, sendo que uma era “Crazy” (do tempo do Gnarls Barkley) e a outra “Fuck You” (além de uma versão bisonha de “Don’t Stop Believin’”, do Journey). Mesmo assim, apesar da banda fraca, o melhor pocket show do festival. Na quinta canção, a produção cortou o som mostrando que nem mesmo um hitmaker cheio de Grammys pode desrespeitar as regras.

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No palco Outdoor, os australianos do Tame Impala mostraram um som encorpado, que deverá render o show do ano em São Francisco (com Yuck, na próxima segunda), caso a velha guarda hippie apareça no Fillmore. Gostei muito mais do show do que do disco, e fiquei impressionado com a cara de moleques dos integrantes (principalmente do baixista: aquilo ali é “trabalho infantil” – risos), mas eles ainda precisam tomar bastante Toddynho para ser uma graaaaande banda ao vivo. Mesmo assim, bom show (e um futuro promissor pela frente).

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O Cold War Kids veio na sequencia e fez um show bonito ao entardecer do deserto. Nathan Willett continua cantando com uma paixão rara, e se enfiar o pé na jaca mais um pouco poderá herdar a coroa de novo Greg Dulli do rock and roll. Eliminando os hits do começo de carreira (uma pena “We Used to Vacation” ter ficado de fora do repertório), os californianos tocaram praticamente em casa com o público na mão, que cantou (e filmou e fotografou) todas as músicas. Todas. O final soul, já com a lua presente, foi belíssimo. Grande show.

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Antes de Mr. Brandon Flowers começar, deu tempo de ver três canções do Interpol, uma delas “Evil” e outras duas terríveis do quarto disco. Interpol ao vivo hoje em dia é assim: as músicas dos dois primeiros discos são bem legais, funcionam, apesar da apatia da banda no palco. As do terceiro eles deveriam pagar para o público ouvir, e nas do quarto alguém deveria subir no palco e dar uma sova nos quatro integrantes com sabonete enrolado numa camiseta do Joy Division. Eis uma banda que já passou da hora de acabar.

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Já Brandon Flowers passou da hora de brincar de carreira solo, né. Ele é cool, carrega a galera na palma da mão, mas o repertório de seu disco solo é fraquinho, fraquinho. Depois, na pista do palco principal tentando ouvir o Black Keys, foi possível perceber que ele tocou algumas do Killers. Só assim para salvar o show. Já a dupla de Ohio deveria pedir 50% de aumento no cachê para a organização do Coachella. O telão só rolou no meio da quarta música e o som, baixíssimo, frustou aquele que tinha tudo para ser o graaaaande show da noite (e um dos destaques do festival).

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Não que tenha o Black Keys tenha pisado na bola, imagina. Com o repertório de hits que os caras tem, e a entrega rock and roll da dupla, provável que fizessem um show bom até sem som, mas a expectativa deixou todo mundo na mão. Uma pena, mas um show para ser revisto (de preferência, no Brasil). Para fugir do rock fake do Kings of Leon partimos para o palco Outdoor, onde os mexicanos do Caifanes tocavam exclusivamente para a comunidade spanglish local. Tudo bem, não valia mesmo perder tempo com o Roupa Nova da cidade do México. Já tenda da Robyn estava bombada.

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Para fechar o primeiro dia, Flogging Molly, um grupo formado por irlandeses em Los Angeles ousando misturar punk rock como música tradicional celta (com direito a sanfona, banjo, violino e flauta). A reverência ao Pogues é claríssima, mas o peso e a interação com o público são absurdas. Dave King, o inenarrável vocalista violonista, brindou com Guiness e soltou a locomotiva punk gerando uma invejável roda de pogo no meio do Coachella. Apesar do peso, todos os instrumentos são perfeitamente audíveis (com destaque para o banjo, marcante) no som do Flogging Molly. Um show de lavar a alma e encerrar com chave de ouro o primeiro dia do festival.

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Leia também: Coachella Day 2 (aqui) e Day 3 (aqui)

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