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A overdose de informação

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Sabe a decadência estilosa a que me referi no post anterior: esqueça. Passei o dia caminhando, caminhando e caminhando, e lá para o lado da Quinta Avenida e da Times Square não dá adjetivar decadência (muito menos estilosa). A região toda é uma overdose interessante de informação que transforma todas as pessoas em pequenos insetos em um mundo dominando por prédios gigantescos e telas enormes. Ou seja, como uma boa megalópole, Nova York tem várias caras.

Comprei o ticket de uma semana do metrô (29 doletas) para tentar entender como funciona a linha. Fiz umas cinco viagens daqui pra lá e de lá pra acolá e, claro, entendi algumas coisas, mas tudo ainda parece confuso demais. O lance mesmo é botar o pé na calçada e camelar, camelar, camelar. Mas haja joelho. Só a caminhada de hoje foi mais do que andei nos cinco meses anteriores do ano no Brasil.

Rodei bastante sem direção apenas respirando a cidade. Desci a Broadway quase inteira, passei por Chinatown (repleta de orientais) e voltei à noite para o hotel, em Meatpacking, que segundo dicas do Rodrigo James, “fica no oeste da ilha, à beira do Hudson, com vista para New Jersey. É uma região que, como o próprio nome diz, foi revitalizada a partir de antigos galpões frigoríficos. Hoje concentra algumas das lojas mais caras e restaurantes mais badalados da cidade”.

Para um primeiro dia (e contando que dormi quase nada no voo de vinda) até que fiz bastante. E me surpreendi muito com a cidade. Desde sua beleza até sua simpatia, com pessoas puxando conversa, pedindo informações (consegui explicar para uma garota, provavelmente inglesa, onde ficava a sexta avenida – duas antes da oitava – mas falhei numa segunda tentativa), parando o carro para o pedestre passar. Não sei, mas eu tinha uma expectativa mais densa de Nova York. Vá saber.

Fato é que adorei a cidade (apesar do frio: você já sentiu a sua mão queimada pelo vento? Mais ou menos isso), adorei a quantidade de bistros da região, adorei a coragem das meninas de usar saia num frio desses, adorei reconhecer dezenas de prédios que foram me apresentados pelo cinema e pela música (Gaslight e o Village Vanguard ficam aqui do lado do hotel), sobretudo adorei a atmosfera da cidade. E é só primeiro dia.

Amanhã tem Aimee Mann…

abril 7, 2011   No Comments

New York, da 32 até a 14

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O voo de Washington para Nova York foi em um jatinho bem estiloso da United para umas 40 pessoas. Uma pessoa numa janela, então corredor e mais duas pessoas. Speed (não sei se era o nome do cara, mas foi o que entendi – e foi bem apropriado), o empolgado comissário de bordo, massacrou o meu inglês claudicante falando muito rápido e fazendo muitas piadas. O tempo do voo, de apenas 40 minutos, passou voando.

Desci em Newark, o aeroporto em New Jersey, disposto a não pegar shuttle para chegar ao hotel. Queria fazer o trajeto de trem para logo entrar no clima da viagem, e também enrolar um tempo, já que o check-in estava marcado para às 15h. Peguei o trem para New York Pell Station e desci cinco minutos depois em Newark Pell Station. Errado. Não tinha nem saído de New Jersey ainda. Perdi 5 dólares na brincadeira, mas acertei na segunda tentativa.

O certo, em Nova York, seria pegar uma das linhas de metrô na New York Pensilvania Station, na 32 Street, e descer na 14 Street com a Oitava Avenida. Desencanei e fiz o caminho a pé aproveitando que as mochilas ainda não estão pesadas. A caminhada me aqueceu do frio e permitiu algumas observações de primeira vista: caminhei da Nova York de Scorsese até a Nova York de Woody Allen. É tudo tão… característico, tão reconhecível.

Primeiras impressões: há uma legião de clones do Snoop Dogg falando o “cantadinho” novaiorquino (“ôôô maaaannnnn”). Impressiona a quantidade de idosos pela cidade. No geral, há uma aura de decadência estilosa – ao menos nos 14 quarteirões que andei – que, aliada ao silêncio do trânsito e reforçada pela multidão de fast-foods e carrinhos de hot dogs (que já viveram dias melhores), chama a atenção.

O frio é cortante. Minhas mãos estão doloridas pelo vento. Já já parto atrás de blusa, cachecol e agasalho. Gringo sofre (Marco Tomazzoni sabe). Se ao meio dia parece que o mundo vai congelar, imagina às 22h quando eu estiver deixando algum show. Melhor se preparar. O check-in está feito (o quarto do The Jane é minúsculo, mas bastante aconchegante – dica bacana do Paulo Terron) e agora é hora de ir pra rua.

É bom lembrar: tudo primeira impressão. O que realmente importa: gostei de estar aqui (uma grande notícia para quem passou um bom tempo relutando os EUA e essa viagem). Talvez seja o livro do Paul Auster, “A Invenção da Solidão”, que me acompanhou neste primeiro trajeto, o culpado por um olhar mais… delicado? cuidadoso? paciente? Não sei, e não vou tentar descobrir. Estar aqui por enquanto basta.

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abril 7, 2011   No Comments

Washington, 8 graus

Quando alguém avisar você que o lugar para o qual você está viajando está frio, não faça como eu, acredite. Trouxe apenas uma blusa e acho que, provavelmente, vou precisar de outra. O voo foi bem tranquilo. Dividi a fileira com um casal de Catanduva, bastante animado, que estava indo a Washington visitar a filha. Porém, antes mesmo do avião decolar encontrei um lugar vazio mais apropriado para esticar as pernas e ver filmes.

Filmes? O excelentíssimo prefeito filósofo de Veneza, Maximo Cagliari (que você “conhece” daqui), deveria processar Hollywood por filmarem na cidade um filme ao ruim quanto “O Turista”. Pô, os caras têm uma cidade maravilhosa de pano de fundo e duas estrelas do cinema (Angelina Jolie e Johnny Depp) e jogam tudo pelo ralo com um roteiro que um garoto de cinco anos teria escrito? Uma pena. Se puder, não assista, mas vá para Veneza.

Bate papo básico na imigração e tudo ok para seguir viagem. Parto para o voo de conexão para Nova York, passo as malas, lap top, tênis e cinto pelo raio x e, enquanto me “visto”, uma mini confusão se arma no local. A garota que estava atrás de mim estava com algo na mala (Tiago Trigo sabe bem como é isso). A atendente chama o supervisor que chega, coloca luvas de plástico, pega as malas da garota e me pergunta:

– Vocês estão juntos?
– Não – respondo
– Ainda bem, você está com sorte, brincou o supervisor

Mesmo na brincadeira, é bom começar uma viagem com sorte…

abril 7, 2011   No Comments