Todo dia parece domingo em Londres
A sexta-feira, nosso único dia inteiro em Londres, começou tipicamente inglesa: cinza, fria e com uma garoa insistente. Até parecia domingo, e Morrissey diria: todo dia parece domingo aqui. Colocamos o guarda-chuva na mochila e fomos caminhar pela capital do mundo pop, cidade cujas ruas estampam cartazes dos lançamentos do momento (hoje: o álbum de estreia do Drums e a coleção de singles do Oasis) e onde possível ouvir grande parte dos idiomas do mundo.
Começamos o dia na National Gallery, que por extrema incompetência cultural eu deixei de visitar nos dois anos anteriores que passei pela cidade. Das 61 salas passamos por 45, deixando a área com pinturas do século XV para uma próxima visita (talvez terça-feira, quem sabe). Há muita coisa foda na coleção, embora não exista nenhuma obra inconteste no acervo (talvez a Toilette de Venus, único nu desenhado pelo espanhol Diego Velazquez, mesmo assim inferior a “As Meninas”).
Nunca tinha visto tanto Rembrant junto (apenas uma sala chega a ter dez obras suas, mas há várias outras espalhadas pelas demais salas), aquela coisa densa, meio macabra. Foda. Aliás, isso é um mérito da National Gallery: eles tem um grande número de quadros de dezenas de artistas, como Tiziano, Monet, Turner, Pissaro, Van Gogh e Canaletto (deste último existem umas seis ou sete pinturas lindas retratando a Veneza do século XVIII).
Meus preferidos, além do Velazquez, foram Holbein (um impressionante exercício de vida e morte com “The Ambassadors”), Vermeer (o detalhista “A Young Man Standing at a Virginal”), um Seurat (achei meio futurista e totalmente triste “Bathers at Asnieres”), Hayes (em um belíssimo e acadêmico retrato de “Susannah at Her Bath”), Renoir (“At The Theatre”, “Umbrella”), Pissaro (“Boulevard Montmatre”), Turner (“The Fighting Temeraire”) e Cezanne “(“Bathers”).
O sol saiu pouco depois das 13h, quando deixamos a National Gallery. Um imenso telão preparado para transmitir os jogos da Copa foi colocado no meio da Trafalgar Square, mas tinha chego a hora de uma visitinha ligeira (nem tanto assim) às minhas megastores prediletas de CDs no mundo: a Fopp e a HMV. Sai carregado das duas lojas com mais de 20 CDs e comprei tudo aquilo que eu ainda não tinha comprado na viagem.
Para comer, contrariando a fama de a comida londrina é ruim, fomos procurar algum pub bacana. Na verdade, Londres é isso: a comida barata é ruim. Não é como Istambul, Atenas, Santorini ou São Paulo, que com R$ 10 você come algo razoavelmente bem (no caso das três primeiras, muito bom). Em Londres você precisa pagar acima de R$ 20 pra isso, e incluindo cerveja (obrigatória, né) a conta pessoal pode estourar um orçamento econômico.
Fim de viagem, decidimos investir em um pub legal, e fomos ao Belgo, um pub que destaca no cardápio aproximadamente 80 cervejas belgas mais pratos tradicionais do país, como o Mexilhão (que Lili investiu, feliz). Fui do não menos tradicional fish and chips, com a massa sendo cozida em cerveja Hoegaarden, uma delicia. Além, claro, de três cervejas trapistas (duas Achel de 8,0% e uma Orval) O Belgo fica em Covent Garden (Rua Earlham, 50), os garçons trabalham vestidos de monges e o clima todo é muito bacana. Já é meu pub preferido em Londres.
À noite rolou baladinha em Brick Lane, no 93 Feet East. Fui encontrar o Afonso Capellaro (você chegou a ouvir o programa de rádio que fizemos juntos sobre o Primavera Sound, em Barcelona. Tem reprises na Rádio Levis). Ele tinha dado a dica de uns shows legais na área, e fui conferir (aproveitando para ver jogos da Copa no telão). Só vi a última música do David’s Lyre e gostei. E vi boa parte do show da timida (e bonita) Laura Hocking (subo um vídeo asim que conseguir uma conexão boa) além de beber duas Red Stripe (cerveja jamaicana), uma cerveja polonesa que não lembro o nome e fechar com uma boa Newcastle Brown Ale.
Rolou pegar o último metrô para Shepherds Bush, dançar bêbado “Billy Jean” com mais umas 30 pessoas na estação Liverpool Street (momento divertidíssimo com um cara tocando numa entrada, as pessoas dançando animadas como se estivessem em uma balada, e indo cada um para o seu lado assim que a música acabou. Três minutos de felicidade e risos) e chegar em casa para aproveitar algumas horas de sono antes da viagem para a Ilha de Wight. No fim de semana, Vampire Weekend, Blondie, Strokes e Paul. Conto tudo na segunda.
Mais fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/
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