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Em Istambul: “5 euros, 10 liras, muito barato”

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O povo turco tem o dom para o comércio e usa essa dádiva com um bom humor que impressiona (principalmente aqueles que já foram “maltratados” em alguma loja em Paris). Eles perguntam seu nome, de onde você vem, e assim que você responde “Brasil” eles soltam tudo o que sabem sobre o país privilegiando o “Bom dia”, o “Obrigado”, o “Bom negócio” e o “Muito barato” (item importante). Eles te tratam bem, e parecem fazer isso muito mais por prazer do que por comércio.

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O nosso terceiro dia de Istambul foi, de longe, o melhor, e não só de nossa estadia aqui, mas também um dos melhores dias de toda a viagem. Caminhamos em uma igreja (hoje museu) de quase 1500 anos, entramos em uma outra mesquita, navegamos pelo estreito de Bósforo (e vimos o Mar Negro no horizonte), visitamos as ruínas de um castelo bizantino, bebemos chá, voltamos ao Spice Bazaar e ao Grand Bazaar e terminamos o dia comendo pide, a pizza turca.

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Logo de manhã, com o sol finalmente marcando presença, entramos na Hagia Sophia, primeira catedral desenhada no formato de basílica de três naves com cúpula, modelo que a igreja católica iria usar muito posteriormente. Há tanta história entre as paredes da Hagia Sophia que chega a causar arrepios. Ela está judiada, mas continua imponente tendo sobrevivido aos piores terremotos que abalaram a Turquia nos últimos mil anos.

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Hagia Sofhia começou como uma igreja, construída por Justiniano em 537. Em 1204 foi pilhada pelas cruzadas e por vikings ao mesmo tempo em que era elevada a posição de igreja matriz do catolicismo. Em 1261 passou a ser uma catedral ortodoxa e só em 1453 foi transformada em mesquita, e assim funcionou até 1935, quando virou museu. E a grande obra do Museu Hagia Sophia é o próprio prédio, histórico, grandioso e arrepiante. Uma jóia.

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Dali partimos para o Nostalgic Bosphorus Tour (dica do Carlos), uma passeio de barco que sai do porto de Eminönü, quase no Mar Marmara, e vai até o porto de Anadolu Kavagi, quase no Mar Negro. O barco navega o estreito de Bósforo inteiro parando de um lado na Europa, do outro na Asia. O Bósforo separa os dois continentes, e foi o principal caminho para que Rússia e países do Oriente Médio chegassem ao Mar Egeu e ao Mediterrâneo, e, consequentemente, à Europa.

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No último porto do passeio de 1h30, na vila de Anadolu Kavagi, há ruínas de um castelo bizantino, que foi ocupado durante séculos visando a proteção da entrada do estreito para quem vinha do Mar Negro. Pegamos um taxi para subir até o castelo (pela falta de tempo) e ganhamos um guia: o motorista Ismail, um senhor que está aposentado faz 25 anos depois de ter trabalhado por 35 na monitorização do estreito por parte do exército turco.

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Segundo Ismail (aqui numa foto conosco), a vila de Anadolu Kavagi tem 4 mil habitantes, mil destes soldados que trabalham até hoje monitorando a entrada do Bósforo. Ismail contou detalhes das ruínas, relembrou histórias do exército, contou da família e disse que no final da estrada paralela ao castelo, já no Mar Negro, há uma vila de pescadores que faz um peixe ótimo (segundo ele, menos salgado que o peixe tradicional devido a baixa salinidade do Mar Negro). Uma simpatia.

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Acabamos, no entanto, comendo um peixe na própria vila de Anadolu, quase em frente ao porto. Porém, se você um dia for fazer esse passeio (e faça, pois vale a pena), saiba que grande parte dos restaurantes de frutos do mar ali não vendem bebida alcoólica, pois o consumo é proibido pelo Islã. Cheguei a pedir, me disseram que não tinham, mas sai atrás de uma latinha para acompanhar o peixe, e encontrei. Voltei pra mesa, mas antes de abrir me alertaram (amigavelmente) que era proibido beber ali. Religião é religião, e a cerveja (essa) foi parar na mochila.

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A viagem de volta foi tranqüila e sonífera, e chegamos em tempo de passar novamente pelo Spice Bazaar (em que os venezianos vinham vender suas especiarias na antiguidade) e pelo Grand Bazaar para comprar presentes pros amigos. No primeiro, um jovem do Curdistão me atendeu. Ele tem 18 anos, mas planeja aos 22 ir embora para a Espanha. “Preciso aprender a falar espanhol primeiro”, comentou em um inglês muito melhor do que o meu (o que não é difícil, diga-se de passagem).

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No Grand Bazaar, quase fechado, paramos em uma lojinha de pashminas. Enquanto Lili escolhia, o dono conversava comigo, e um funcionário mais novo, filho de um amigo dele, acompanhava nossa conversa para aprender como se fala o inglês (logo comigo, que tenho um inglês péssimo). Mesmo assim foi divertidíssimo. Trocamos impressões sobre o Brasil e a Turquia (“Você está brincando que o Brasil inteiro é quase do tamanho da Europa?”) enquanto Lili aprendia – na marra – a arte da barganha. Valeu a pena. A gente acha…

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Ainda comprei uma camisa da seleção brasileira (pirata, mas boa: era 25 liras, mas quando fui virando as costas caiu pra 20 e assim que pisei fora da loja ele disse 15. Comprei) para ir à rigor em clima de Copa do Mundo ao Festival da Ilha de Wight, sábado e domingo. Nesta quinta, começo da tarde, voamos para Londres, e a saudade de Istambul já começa a bater no peito. Antes, porém, queremos ir ao Palácio Topkapi. Melhor descansar.

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Ps1. O Strokes, que fecha o segundo dia do festival da Ilha de Wight (eu quero mesmo é ver o Vampire Weekend), fez um show secreto hoje em Londres. Veja o set list aqui

Ps2. O Islã proíbe o consumo de bebidas alcoólicas, mas a Turquia faz algumas belas cervejas, como a Gusta e a Efes. Desta última experimentei a Dark, a Extra e a Brown (essa), que nada mais é que uma cerveja com gosto de café. E fica bom!

Ps3. O passeio de barco pelo Bósforo custa 25 liras, ida e volta (e a lira está quase 1 pra 1 com o real). Você pode olhar os horários dos barcos neste link aqui.

Ps4. Provei Cola Turka (aqui). Até o Golé Cola é melhor.

Ps5. Alguém sabe nos dizer o que vendem esses carrinhos aqui?

Ps6. No Grand Bazaar você é obrigado a pechinchar. No Spice, não. O preço que eles falam é o preço que será (pode até rolar um desconto, mas não é obrigatório).

Ps7. London Calling

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Mais fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

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