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O segundo boxe da coleção Ingmar Bergman

Decidi começar pelo segundo boxe ao invés do primeiro até por um sentido de cronologia. No primeiro boxe da coleção estão os clássicos “O Sétimo Selo” (1956), “Morangos Silvestres” (1957), “A Fonte da Donzela” (1960) e “Gritos e Sussuros” (1972). Destes, só assisti aos dois primeiros, mas optei por voltar alguns anos na cinematografia do diretor e começar por:  

“Noites de Circo”, Ingmar Bergman

“Noites de Circo”, Ingmar Bergman (1953)
Apontado por muitos com o marco inicial do primeiro ciclo de grandes obras dirigidas pelo cineasta sueco, “Noites de Circo” (“Gycklarnas Afton”) ampara-se na desilusão e constrói um retrato dolorido e agonizante de um grupo de pessoas do universo mambembe. A crítica local desceu a lenha na época chamando “Noites de Circo” de, entre outras coisas, “o vômito de Bergman”, mas o filme – valorizado pela bela fotografia de Sven Nykvist – sobreviveu de forma sensacional ao tempo. 

Em seus 84 minutos, “Noites de Circo” exibe uma avalanche de decepções (passional, profissional, pessoal) que não permite ao espectador um sorriso franco. Olhamos com jeito admirado e assustado o caos, a vergonha, a humilhação e a tentativa de troca de tudo aquilo que se ama pela tranqüilidade de uma vida burguesa. Esperamos alguma redenção, que não vem, e namoramos a esperança de que as coisas possam mudar, e melhorar. Triste engano. “Noites de Circo” é atualíssimo. As coisas não melhoraram. 

“Sonhos de Mulheres”, Ingmar Bergman

“Sonhos de Mulheres”, Ingmar Bergman (1955)
Um dos filmes menores da carreira de Bergman nos anos 50, “Sonhos de Mulheres” (“Kvinnodröm”) é uma tentativa de entender a alma feminina tendo como base a vida de duas mulheres: Susanne, uma diretora de um estúdio de moda que vive um romance com um homem casado; e Dóris, uma jovem modelo que trabalha com Susanne e que acaba de terminar com seu namorado. Ela sonha com os atores dos filmes e uma vida de luxo e glamour.

As duas tramas seguem paralelas cada uma delas tendo um ponto alto, mas é a de Susanne a que se resolve melhor e soa mais realista apesar do final duvidoso – muito embora o personagem do cônsul, que participa da história de Dóris, seja o grande emblema do filme, um homem rodeado por mulheres (a filha, a mãe, a modelo), sem compreendê-las, que acaba virando um joguete. A idéia é ótima, mas o filme não convence (embora tenho momentos isolados que merecem serem vistos).

“Sorrisos de Uma Noite de Amor”, Ingmar Bergman

“Sorrisos de Uma Noite de Amor”, Ingmar Bergman (1955)
Disparado, o filme que mais gostei da caixa. Talvez por ser uma comédia de erros shakesperiana (o título original, na verdade, é “Sorrisos de Uma Noite de Verão”, e o filme é uma adaptação da famosa peça do bardo inglês) com diálogos espertos e ritmo acelerado. É também o primeiro filme de Bergman a conseguir sucesso internacional permitindo que a partir daqui o diretor tivesse liberdade artística para fazer o que quisesse (os dois filmes seguintes foram “O Sétimo Selo” e “Morangos Silvestres”).

“Sorrisos de Uma Noite de Amor” (“Sommarnattens Leende”) é movido por duelos verbais e belíssimas atuações. Nos extras do DVD, o cineasta relembra o sucesso do filme contando que seus produtores o mandaram para Cannes sem que ele soubesse. “Um dia abro o jornal e a manchete diz: ‘Sucesso sueco em Cannes’. Fiquei feliz e fui ver de quem era o filme, e era ‘Sommarnattens Leende’. Emprestei dinheiro de uma atriz e peguei o primeiro avião para Cannes”, relembra o diretor. O filme foi indicado à Palma de Ouro e recebeu o prêmio de melhor humor poético.

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