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Pensamentos movidos à base de cerveja

Berlim, Berlim, Berlim. Eis uma cidade que mexe bastante comigo. Na primeira vez que estive aqui, ano passado, passei bastante mal. O ar pesado, as lembrancas de guerra em cada esquina, Berlim parece uma cicatriz viva que nao consegue se fechar. Tenho amigos que amam essa cidade, e nao posso negar, ela mexe comigo. Muito embora, desta vez, parece que a dor tenha sido menor. Parece que estou me acostumando à cidade, aceitando seu passado, que me incomoda demais.

Imagino que deve ser mais ou menos essa aceitacao que um berlinense (em particular, e o povo alemao no geral) sinta em relacao a esta cidade e ao seu país. Por mais que eu quisesse (e deus, eu nao quero mesmo – risos), eu nunca poderia negar a brasilidade que circula pelo meu sangue. No fundo, amamos o nosos país (cada um o seu) e o aceitamos como ele é, mas sentimos as dores de sua história (passada e presente) vez em quando como uma dor de cabeca que nos acompanha a vida toda.

Para Lili, Berlim é pop e eficiente, mas logo que chegamos ela sentiu o peso do humor das pessoas. Enquanto em Londres, Paris, Bruxelas ou mesmo Bruges há música na rua, pessoas sorrindo nos cartoes postais da cidade, clima de festa, em Berlim nao. Aqui se ouve o barulho dos carros durante o dia, e talvez seja mesmo o que amigos já me disseram: Berlim é noturna, cidade de festas, baladas e dos anjos de Win Wenders em “Asas do Desejo” observando a multidao do alto da Coluna da Vitória.

Nossos dois dias em Berlim foram agitadíssimos. Visitamos a East Side Galery, um longo trecho de 1.300 metros do Muro de Berlim às margens do Rio Spree que teve sua face pintada por diversos artistas criando uma sensacional galeria à céu aberto. Dali fomos para o Museu do Judaíco, obra espetaculosa (mas que nao me comoveu) do arquiteto Daniel Libeskind repleta de simbolismos, alguns óbvios e tolos, outros bem interessantes, mas que peca como acervo. Vale a visita ao prédio (aqui).

Nossa próxima parada foi em um boteco turco para comermos a segunda pizza ruim da viagem, passarmos pelo Checkpoint Charlie, pelo Topografia do Terror (outro museu à céu aberto, localizado no local onde era o QG de Hitler e perto de um pedaco em pé do muro). Os vendedores ambulantes que tanto me enojaram ano passado vendendo de fardas  até máscaras de gás continuam lá, e o item capitalista do momento sao carimbos da antiga RDA no passaporte. :/

Dali passamos na Postdamer Platz e pegamos a linha 100 (que quase parece um onibus de turismo, pois passa por diversos pontos históricos da cidade) e fomos até Alexanderplatz, admirar a Fernsehturn, a Torre de Televisao que era orgulho da RDA, e que Lili achou tremendamente Jetsons, e passar pela regiao dos museus, da belíssima catedral, da Bebelplatz (local em que os nazistas queimaram livros) até chegar ao Portao de Brandemburgo e ao Parlamento Alemao. Claro, subimos para conhecer a cúpula de vidro do bambambam Norman Foster (uma bela vista da cidade, viu).

Para relaxar, uma pausa no Tiergarten (o imenso jardim da cidade) para 500 ml de Paulaner de trigo para mim, e um sorvete para Lili. Passamos ainda no Memorial do Holocausto e cometemos o segundo erro de pegar a conducao errada na viagem, pelo mesmo motivo. Na Bélgica, queriamos ir para Leuven (ou Louvain) e pegamos um trem para Louvain, mas fomos parar quase na Holanda. Em Berlim, estamos na Grunewald Straße, e pegamos um onibus para a Grunewald… bairro. Achamos estranho quando saimos do mapa, mas voltamos salvos para o apartamento. hehe

Ainda visitamos as ruinas da Catedral Kaiser Wilhelm Gedäcgtniskirche, um dos simbolos locais, que fica ali pertinho do Europa Center e do Zoológico, e que impressiona bastante. Severamente bombardeada durante a segunda guerra mundial, a catedral foi mantida tal qual ficou após os ataques, e uma maquete “antes e depois” compara a regiao e as duas versoes da catedral. Por fim, visitei a minha loja de CDs predileta na cidade, mas sai frustrado: eles nao aceitam mais cartoes de crédito, e a essa altura da viagem, nada de compras à vista.

Porém, encontrei uma loja extremamente sensacional ali perto do Europa Center (esqueca a enorme megastore Saturn) chamada Cover Music, com um acervo sensacional de CDs e, principalmente, vinis, muitos deles piratas. Agora sou um feliz possuidor de um exemplar do raríssimo bootleg em vinil “On Strike… Or Songs The Lord Taught Us”, do Echo and The Bunnymen. E tinha tanta coisa lá (de piratas do Sonic Youth, Bob Dylan e Bruce até todos os singles do Radiohead em vinil 7 polegadas) que até cogito visitar essa cidade um dia só para voltar na Cover Music.

Essa é nossa última noite em Berlim, e apesar de me sentir um pouco mal aqui, parte o coracao partir. Minha visao mudou um pouco, o que me comforta, mas ainda nao sei se, um dia, eu moraria aqui. Nao sei, mas já acendeu a vontade de pesquisar outros cantos da Alemanha como Dresden, Hamburgo, Dusseldorf, Colonia, a Bavária e, claro, Aachen, a cidade em que mora o grande Carlos, companheiro de viagem e fonte inesgotável de boas dicas (de lugares e shows). Meu sangue alemao ainda visitará esse país novamente. Com certeza.

Nesta quinta comeca a parte italiana de nossa viagem. Acordamos cedo e partimos para o aeroporto de Schönefeld   para mais um voo Easyjet (já perdi a conta de quantos foram). Descemos de aviao na Toscana ali pela hora do almoco, mais precisamente em Pisa, para olharmos a torre torta, comermos alguma massa e partimos na mesma tarde para Florenca, nossa casa por tres dias. Dali, Roma (com Bruce, Trent Reznor e Tv On The Radio) e Veneza e entao o trecho espanhol, com Barcelona e Madri fechando o mochilao.

Meu tenis Adidas, que comprei para o mochilao do ano passado, abriu o bico. A idéia era passar em uma loja da própria marca, que é alema, e comprar um novo, mas os precos estao proibitivos. Os modelos bacanas estao entre 80 e 120 euros. Os mais ou menos saem por 50, 60 euros. Recorri a uma Second Hand (nossos populares brechos, que existem aos montes na regiao de Warschauer Strasse) e achei um tenis ótimo por 23 euros. Agora, pé na estrada e mochila (de quase 2o quilos nas costas). Parlamos mais amanha, ok.

Ps. Mais de mil fotos nos flickrs meu e de Lili. Olha lá. 🙂

Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

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