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“Parri, Parri”

A internet em Paris é disparada a mais cara da viagem. Entao, assim que encontrei um lugar de precos honestos, tratei de voltar a noite, aproveitando meu “bilhete orange” de uma semana (ônibus e metrô). O lugar ficava no Boulevard Clichy, na zona do meretricio parisiense. Ok, assumo, eu queria mesmo voltar a noite. Compara as fotos do Moulin Rouge de dia e de noite que voce vai entender (alias, pra assistir a um show na casa, o ingresso custa 125 euros, mas voce ganha uma garrafa de champagne – risos).

O clima da area nao é tao pesado quanto eu imaginava, mas é bem desaconselhavel para garotas sozinhas. Encostei num pub irlandes e pedi uma Beamish Red, que me desapontou. Esperava mais dessa cerveja vermelha famosa. Mesmo assim, bebi mais dois pint assistindo a um jogo de… hoquei sobre a grama? O jogo acontece num campo gramado de futebol, a trave parece de futebol de salao, a bola parece de golfe, e os jogadores jogam com taco que parece uma colher de pau. Bizarro.

Quando sai do pub, o time amarelo estava vencendo por 2 a 1, e o segundo gol foi de mao, e valeu. Va entender. Apesar de ter encarado um chilly com fries, peguei uma baguete pra comer no hotel, e madeleines com cobertura de chocolate na maquina de doces do metrô (Jonas, você iria adorar isso). Estava pensando na vida, feliz, dentro do vagao do metrô, quando surge um “ohhhhhhhh” geral no ambiente. Viro a pescoco e vejo a Torre Eiffel, completamente azulada, brilhando na escuridao.

Alguem grita no vagao: “Parri; Parri”, e quando percebo, meus olhos marejados ja estao transbordando (bebado é uma m****). Nao penso duas vezes. Desco ali mesmo e sigo hipnotizado em direcao a torre. A Champ-de-Mars esta abarrotada, mas consigo arranjar um cantinho no meio do jardim para aguardar os proximos dez minutos de brilho, a meia-noite (a torre fica acesa a noite toda, mas soh pisca os dez primeiros minutos de cada hora). Pego a minha baguete e as madeleines e decido fazer um piquinique noturno.

Um grupo de mexicanos estoura uma champagne gritanto “Viva Mexico” e se abracando. Uma familia oriental repete a mesma rotina no minimo tres vezes: arma a maquina num tripé, programa o disparo e sai correndo pra posar com a torre iluminada ao fundo. Irlandeses, com varias caixas de cerveja para passar a noite, mais violao e acordeon, tocam musicas regionais. Afegas, com burcas cobrindo o rosto, riem. A Champ-de-Mars parece ser uma versao atualizada da Torre de Babel.

Isso tudo sem contar a centena de casais que se esparramam pela grama. Penso que deve ser intenso viver um romance em Paris, mas mais intenso ainda deve ser sofrer de amor aqui. Se tivesse vivido metade que seja de meus amores desfeitos nessa cidade, com toda certeza, os buracos em meu coracao seriam beeeeem maiores. E teria sido tudo mais dolorido. Feliz, penso em Lili, e agradeco por estar em um momento especial de “mente aberta, espinha ereta e coracao tranquilo”.

Quando as luzes voltam a piscar, a meia-noite em ponto, me levanto, faco algumas fotos da torre toda iluminada e brilhante, digo ate logo a ela e vou caminhando em direcao ao hotel, pois ja nao ha mais metrô. Ainda bebo mais uma Beamish Red em um cafe no caminho, e por mais que eu esteja absurdamente feliz em uma das cidades mais lindas do mundo – se nao for a mais linda, sinto saudades de casa e do colo da minha amada. Durmo sorrindo.

Fotos da viagem e dos shows: http://www.flickr.com/photos/maccosta

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