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Último dia de trabalho do ano

Eu gosto do meu trabalho. Quando me indicaram para a vaga balancei pensando se ia dar conta. Sofri um pouco nos três primeiros meses para criar uma metodologia de trabalho e, por fim, aprendi que editar uma capa de um grande portal é dançar conforme a música que está tocando. Melhorou pacas a minha vida (risos). Porém, não é segredo para ninguém: assim como Wander Wildner, se eu pudesse não faria nada, “nem essa canção”.

Ok, exagerei. Imagino Lili lendo isso acima e pensando na quantidade de noites em que fui pra cama às 2 ou 3 da manhã, pois fiquei atualizando o Scream & Yell, a Calmantes e escrevendo uma ou outra bobagem por puro prazer de escrever. Quem estou querendo enganar, né. Sou quaaaaaase um workalholic, mas sou um cara legal. Eu acho. O lance é que o que eu mais queria na vida era ficar fazendo isso: escrevendo, escrevendo, escrevendo. E escrevendo. Mas as contas chegam todos os meses, inevitavelmente.

Desta forma, a gente segue dançando enquanto a música não termina – do jeito que dá e sem saber dançar. Não dá para reclamar muito. 2008 foi um ano… sensacional. Olho para trás, para os posts que escrevi, para as coisas que aconteceram, para a viagem que fiz, e às vezes não acredito que eu vivi realmente tudo aquilo. Nem nos meus sonhos mais complexos poderia ter sido tão perfeito (ok, sempre pode, a gente sempre quer mais, muito mais, mas do jeitinho que aconteceu foi bastante especial).

Queria agradecer imensamente a todos que passaram por este espaço em algum momento. Queria agradecer muito a todos aqueles que deram dicas de CDs, filmes, albergues, lojas, HTML, textos, cervejas e o escambau. Queria agradecer a confiança, a amizade e o carinho que muitas vezes acredito não merecer, mas que recebo de coração aberto e tento – do meu jeito tosco – transformar em algo especial. Ainda estou tentando trilhar o caminho do bem, quem sabe chegamos a algum lugar.

Deixo a redação às 15h, corro pra casa para arrumar a mala (que Lili já está adiantando), parto ás 17h para o aeroporto e às 20h espero pousar em Belo Horizonte para um passeio de 14 dias por cidades históricas em busca de arte, memórias, cachaças, passeios de trem, comida mineira e pão de queijo. 2008 está quase dormindo, 2009 pode acordar a qualquer momento. E com seu despertar várias coisas boas hão de surgir. Que eu me lembre, nunca fiz tantos planos para um ano que se inicia, nunca criei tanta expectativa, e estou feliz por isso.

Feliz, pois apesar de tanta cacetada tomada da vida em anos e anos de janela, o sonhar ainda não me abandonou. E você sabe: é preciso sonhar para viver. Não só sonhar, claro. É preciso desejar, querer e batalhar para que as coisas aconteçam. É preciso mirar um pontinho no horizonte e dizer “é lá que eu quero chegar”. Pode não ser fácil e pode até não dar certo, mas basta levantar e tentar de novo. Nunca é fácil, e quem disse que era mentiu. Mas não desanime, pois sonhar deve ser divertido. Sempre. Sonhe. E lute para que estes sonhos se transformem em realidade. Um bom 2009 para todos nós. Não se esqueça: força sempre.

dezembro 29, 2008   No Comments

Discutindo o mercado de música

O Ronaldo Evangelista já havia me passado esse link no começo do mês, e na correria deixei para dar uma espiada só hoje. Coisa fina. André Bourgeois (que cuida de gente como Céu e Curumin nos States), Juliano Polimeno (que lançou o Cérebro Eletrônico), Mauricio Tagliari (toca a YB de forma artesanal), Pena Schmidt e Carlos Eduardo Miranda (além do próprio Ronaldo) marcaram encontros mensais nos estúdios da YB para discutir o mercado de música. O Ronaldo explica melhor aqui, mas você pode assistir aos sete vídeos (até o momento) do bate-papo aqui. “Estou tateando para ver o que dá”, diz Juliano Polimeno sobre as apostas de sua gravadora, a Phonobase. “Há dez anos atrás havia um modelo, hoje não”, diz Mauricio Tagliari. “A gente é louco. Estamos aqui sentados em uma sala sem ar-condicionado no verão discutindo mercado. A gente é louco. Quem é bundão vai fazer outro negócio. Vai no Big Brother para ver se tu entra. Quer? Tem que lutar, tem que inventar, ter ideia boa, achar um jeito de furar o bagulho. É isso”. Assista aos vídeos aqui.

Leia também:
– “A Nova Idade Média”, por Marcelo Costa (aqui)

dezembro 29, 2008   No Comments

O tempo amigo do Pato Fu


Texto: Marcelo Costa / Fotos: Liliane Callegari

O tempo vai, o tempo voa, a poupança Bamerindus nem existe mais e o Pato Fu continua intacto no posto de principal banda do lado debaixo do Equador. Todo ano surgem alguns grandes discos, algumas boas promessas, mas basta cruzar o Pato Fu que fica impossível não se impressionar (mais uma vez) com a qualidade do combo mineiro. Mesmo em um ano sem disco lançado e dedicado à carreira solo de Fernanda Takai, em cima do palco fica difícil não se render ao grupo.

O retorno da banda aos palcos paulistas esgotou duas noites no pequeno, estranho e especial palco do teatro do Sesc Pompéia. Dois shows com repertório clássico para encerrar o ano com chave de ouro. Canções do fundo do baú ressurgiram vivas e fortes e as apresentações solo despertaram a verve de frontwoman de Fernanda, cada vez mais falante, brincalhona e atuante no palco. Dudu Tsuda (Jumbo Elektro / Cérebro Eletrônico) debutou em casa assumindo os teclados.

Quem conhece o palco do Teatro do Sesc Pompéia sabe que ele é bastante particular. O palco fica no centro entre duas platéias e, dependendo do lado que o espectador fique, algo se perde – ou se sobressai. Quem optou por ficar na platéia impar, lado esquerdo, foi presenteado com uma massacrante atuação de Xande na bateria, que por vezes encobria os riffs de guitarra e a voz de Fernanda, mas que – verdade seja dita – era bonito de se ver (e ouvir).

“O Amor Em Carne e Osso” abriu o show de forma quase intimista emendando-se com “Spoc”. Foi quando Fernanda acalmou o público. “Pode deixar, não vamos tocar só lados b”. E então uma leva de hits seguiram-se noite adentro: “Perdendo Dentes”, “Antes Que Seja Tarde”, “Canção Pra Você Viver Mais”, “Made in Japan”, “Ando Meio Desligado”, “Eu”, “Uh Uh Uh, La La La, Lê, Lé”, “Imperfeito”, “Gimme 30” e “Anormal” além de canções do último disco como “30000 Pés”, “Tudo Vai Ficar Bem” e “Nada Original”.

Do fundo do baú (e a pedidos de Dudu) eles tiraram “Mamãe Ama o Meu Revolver”, mas os grandes momentos – como sempre – foram “Capetão” (infelizmente, sem a boa parte cantada pelo Ricardo). “Depois” (com dois convidados da platéia dançando no palco e engordando o vocal no refrão), as aceleradas “O Filho Predileto de Rajneesh” e “Dois Malucos”, e a balada corta coração “Agridoce”, com Fernanda a dedicando para uma garota do interior que reza toda noite para que Roberto Carlos grave uma versão.

Na volta para o bis, Fernanda chamou ao palco a pequena Nina (filha dela com o guitarrista e maridão John) para uma “participação especial” fofíssima em “Mamã Papá” “tocando” o Potchi (Totó em japonês), seu cachorrinho de pelúcia que emite sons de brinquedinhos infantis. Para encerrar, “Sobre o Tempo”, trazendo consigo a lembrança da metáfora bancária (que muitas pessoas nem sequer lembram ou viram a propaganda na época) do início do texto. O tempo, amigo, continua sendo legal com o Pato Fu. Vai, vai, vai, vai, vai… vai.

Leia também:
– “Daqui pro Futuro”, Pato Fu, por Marcelo Costa (aqui)
– “Onde Brilhem os Olhos Seus”, Fernanda Takai, por Marcelo Costa (aqui)
– “Toda Cura Para Todo Mal – DVD”, Pato Fu, por Marcelo Costa (aqui)
– Pato Fu ao vivo em Taubaté, 31/03/00, por Marcelo Costa (aqui)
– “Toda Cura Para Todo Mal” faixa a faixa por Fernanda Takai (aqui)

dezembro 29, 2008   No Comments