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Mostra SP: “45 RPM”

“45 RPM”, de David Schultz –  Cotação 1,5/5

Em uma cidadezinha dos cafundós do norte do Canadá, sem esperanças e completamente a parte do mundo vive Parry Tender, um garoto que mata aulas para ir pescar ou simplesmente para ficar no teto de sua casa tentando sintonizar uma rádio de Nova York cuja uma promoção está chacoalhando a América: são 30 canções em 30 segundos. Quem acertar as 30 ganha um convite duplo para ir assistir a um show especial com as maiores lendas do nascente rock and roll. Estamos em 1960.

A pessoa mais próxima de Parry é Luke, uma menina que se veste de menino e anda com cinto de cowboy e uma arma de brinquedo para cima e para baixo. Parry e Luke cresceram juntos, e Luke acaba de descobrir que está apaixonada pelo amigo. Entra em cena Debbie, uma loirinha que já rodou Canadá e EUA acompanhada pelo pai major da aeronáutica, que se interessa a primeira vista pelo rapaz que todos na escola dão como um caso perdido. Está formado o núcleo narrativo de “45 RPM”.

Assim que o filme começa, com os acordes de “Roll Over Beethoven” e a voz de Chuck Berry preenchendo o espaço, percebe-se que estamos diante de um leve drama adolescente com jeitão de Sessão da Tarde. A dupla de amigos tenta adivinhar as 30 canções que o tiraram daquele lugar no meio do nada, e a loirinha Debbie chega para dividir o coração de Parry e causar ciúmes em Luke. Tudo bem, tudo bom, mas “45 RPM” guarda surpresas para o trecho final.

Parry não conheceu sua mãe, que sofreu abuso infantil na adolescência, engravidou, e deu o filho para o índio Peter George criar. A história volta a se repetir (e outra cena sugere que o fato repete-se com freqüência), agora com uma de suas amigas, que engravida e separa-se dele. O rock and roll, a promoção, a escola, o coração dividido, tudo fica em segundo plano, e o rapaz deixa tudo para trás em busca do seu verdadeiro amor.

Lendo assim parece bonito e um bocado piegas, vamos combinar. O diretor canadense Dave Schultz tenta armar uma armadilha para o espectador, aconchegando-o numa história juvenil de temática largamente conhecida para, depois, criar o ambiente do abuso infantil, mas algo se perde pelo caminho. A leveza acaba se sobrepondo e a violência que sofre um dos personagens não chega a ganhar força na trama. Fica a sensação de que o recado foi dado, mas o filme não decolou. Basta? Não para o cinema.

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