Definitivamente, Londres
Nao consegui achar o cafe de “Antes do Por-do-Sol”. Parei na frente da Shakespeare and Co, sai pela esquerda, e vi a rua em que a Celine e o Jesse comecam a caminhada. A segunda rua tambem é facil, mas na hora que chega a terceira, voce ja se perde. Tentei seguir o caminho pelas quatro ruas possiveis, e me perdi. Tudo bem, da proxima vez que eu estiver em Paris, vou “estudar” bem o filme. A ultima tarde na cidade se resumiu a isso. Fui cedo para o aeroporto Charles de Gaule, e mesmo assim fiquei quase duas horas na fila da Easyjet. E pela primeira vez houve um atraso, de quarenta minutos.
Como da vezes seguintes que voei em uma compania low cost, check in e embarque foram uma zona. Sempre fico imaginando as pessoas que pagam o “speedy boarding”, uma taxinha que lhe da algumas vantagens (como embarcar primeiro), e chegam nesse check in que é uma bagunca. Na boa, fui o quarto a entrar na aeronave, e nao pague nada a mais por isso. O voo foi bem sossegado – e ver Paris iluminada do alto foi lindo – com as turbulencias de praxe, uma senhora argentina querida puxando um bom papo, chocolate Godiva e o aviao chegando em Londres recuperando vinte minutos dos quarenta atrasados.
Na imigracao, o tiozinho forcou a barra nas perguntas de praxe (De onde voce esta vindo? Veio fazer o que? Vai ficar onde? Quando voce volta? Deixa eu ver a passagem de volta?), mas me deu o carimbo de seis meses (que soh vou usar por sete dias). Na saida, encontrei um “casal” de brasileiros, na verdade, ele soh estava acompanhando a amiga, pois mulher brasileira passar sozinha pela imigracao no Reino Unido é bem dificil. Eles logo acham que a menina vai se prostituir e tal, e dificultam ao maximo a entrada da garota.
No caso do “casal”, ele trabalha como ajudante de pedreiro em Paris, mora perto de Versailles com a mulher e um filho de dois anos, e nao volta mais para o Brasil. “Cara, estou feliz aqui”. No trecho de trem entre o aeroporto de Luton e o centro de Londres, ele me conta sua saga no Velho Mundo, mareja os olhos, mas termina dizendo que tudo é aprendizado. Ele fica soh um dia em Londres, pois vem no dia seguinte trazer uma outra amiga, que tambem nao quer passar pela imigracao britanica sozinha. No fim das contas, o cara me ajuda. Se nao fosse ele, eu passava batido pela estacao de trem.
O Daniel, amigo que vai me receber em Londres, esta me esperando na porta da estacao, e seguimos de trem para a casa dele, em Shepherds Bush. Passamos pelo mitico Shepherds Bush Empire (que em agosto vai receber shows da dupla The Gutter Twins e do Big Star, e tera Brett Anderson, CSS, Breeders e Ting Tings mais pra frente – olha a programacao), pegamos uma cerveja belga na lojinha de conveniencia (vou sentir saudade das cervejas belgas) e sentamos na varanda da casa para atualizar os papos.
Acordo as 7h30 e nao penso duas vezes: pé na estrada. Comeco a desvendar Londres pelo metro, tentando entender as conexoes. Saio em Westminster de frente para o Big Ben. Passo pela Abadia e, incrivel, comeco a passar um frio do cao. Esta sol, mas o vento cortante entra pelos meus poros e faz em pedacinhos a minha alma. Saio a caca de uma loja de departamentos para comprar um camisao. Caminho, caminho, caminho, e o que encontro: o Palacio de Buckingham! E soh falta meia-hora para a troca da guarda! O tempo fecha, garoa, sai sol de novo, e eu com um frio danado. Definitivamente, estou em Londres.
Volto para a casa do Daniel, tiro meu capotao da mala, coloco, e me sinto fervendo. Troco o capote por um camisao de manga comprida, e mesmo achando que vou me arrepender disso, saio para a rua. Na esquina, dois caras passam sem camisa enfrentando o sol (e o vendaval). Rio sozinho enquanto tento planejar o que fazer nessa cidade maluca. No roteiro, nada muito certo. Vou dar um pulo em CamdenTown (dei uma caminhada em Notting Hill de manha), ligar para uns amigos e torcer para que o dinheiro que a Lili depositou no meu cartao esteja disponivel depois do almoco. Ultimos sete dias de Europa, ja estou comecando a ficar com saudade…
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