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Oscar Wilde e Jim Morrison

Acordei tao bem disposto que ate cogitei continuar no albergue, fechar os olhos pra tosqueira do lugar e deixar de tomar banho, afinal, se voce esta na Franca, faca como os franceses (risos). Serio, algumas ruas e no metro, em que eh dificil evitar o contato humano, o mau cheiro dah as caras, mas na Champs Elysees, por exemplo, a calcada eh um festival de perfumes e aromas.

Top 3 de cheiros da viagem: Champs Elysees em terceiro mostrando que os franceses tomam banho… de perfume; Plaza Mayor, de Madri, de noite: um festival de sons e cheiros aue deixam bebados os olhos e a alma; e o vencedor foi o cheiro de pao nos arredores da Catedral de Glasgow, um cheiro tao bom que quase eu, Juliana e Renata saimos perguntando de onde vinha…

Voltando a Paris, passei a manha no Pere Lachaise, um cemiterio com mais de 1 milhao de sepulturas, com umas tres centenas de “celebridades” como Balzac, Bizet, Chopin, Auguste Comte, Marcel Proust, Edith Piaf, Moliere, Allan Kardec, Rossini e outros. Na entrada ha um posto que fornece um mapa com os tumulos ilustres. E nao tem jeito, la dentro, todos os caminhos levam ate a sepultura de James Douglas Morrison.

Meu plano inicial era ir direto encontrar Oscar Wilde, mas quando voce percebe ja esta seguindo o fluxo de pessoas em direcao ao tumulo do lendario vocalista do Doors. A sepultura esta cercada com uma protecao de ferro, e um guarda dah plantao fixo frente ao tumulo no horario em que o cemiterio esta aberto. E eh gente boa: ele ate pula a grade e coloca junto a lapide um vinil do Doors que um fa trouxe, para uma fotografia.

Uma guia, francesa, passeia pelo lugar com um grupo de vinte turistas. A cada vinte passos voce esbarra em alguem famoso… morto. “Voce viu o Moliere?”, me pergunta uma menina, em frances. Eu havia visto ele umas vinte lapides atras, e indico. Outra senhora me pergunta de Edith Piaf, quando vemos uma turminha reunida uns 100 metros a nossa direita. “Deve ser lah”, falamos ao mesmo tempo. E era.

Quando chego ao local em que deveria estar o tumulo de Oscar Wilde, percebo que foi criada uma cripta no lugar da lapide com a qual Morrissey posou abracado em fotos promocionais apos sua saida dos Smiths. A cripta tem sinais de labios com baton por todos os cantos possiveis e impossiveis, alem de diversas inscricoes que homenageiam o genial e sarcastico autor de “Salome” e “O Retrato de Dorian Gray”.

Imediatamente retorno anos e anos e me lembro da Biblioteca Municipal de Taubate. Foi dali que eu li apenas o primeiro volume de “Os Caminhos de Swann”, de Marcel Proust, que devorei uma colecao de vinte volumes de Shakespeare (ate hoje sonho com aquela edicao em tom azul, com belissimos postscriptuns) e que li a colecao completa de Oscar Wilde, condensada toda em largo volume de paginas em “papel biblia”.

Li nao sei quantas vezes essa edicao da Nova Aguilar (que perdi de pegar, anos depois, naquelas banquinhas de livros da Paulista) me concentrando quase sempre em contos como “O Principe Feliz” e “O Rouxinol e a Rosa” (que Herbert Viana adaptou sem creditar pra musica homonima do disco “Os Graos”, do Paralamas). O mundo seria bem mais chato se nao fosse Oscar Wilde. Sem ele, inclusive, nao existiria Morrissey. Devia essa passada em frente da cripta, por agradecimento.

Voltei ao albergue, peguei a mochila e fui para o hotel. Tomei um banho demorado, fiz a barba e decidi pqssar a tarde no Jardin du Carrousel, em frente ao Museu do Louvre, ficar la descansando as pernas e observando o mundo de pessoas indo pro museu de um lado, e o Rio Sena do outro. No finzinho da tarde, apos uma baguete e uma coca, sai caminhando a esmo, sem direcao ou destino certo. Fui parar em Montparnasse, quase fora do mapa do guia.

Se nao tivesse com os joelhos detonados ate entrava no segundo cemiterio famoso da cidade, local em que estao enterrados Sartre, Baudelaire e Beckett, mas nao rolou. Voltei de metro pro hotel e nao sei o que fazer nesta terca. Queria muito ir ao Palacio de Versailles, mas – segundo o guia – eh um passeio de um dia inteiro. Quero ainda visitar a Catedral de Notre Dame, o Georges Pompidou, a basilica de Sacre-Couer e, ufa, o Museu d’Orsay. Eu sei, nao vai dar tempo…

O Museu do Louvre fecha as tercas, mas na quarta estarei la para passar o dia inteiro no lugar. Vantagem: o bilhete eh valido pro dia todo, ou seja, pretendo chegar de manha, ficar umas duas, tres horas procurando a Monalisa e a Venus de Milo, sair, almocar, deitar as margens do Sena, e voltar la pelas 16h e ficar ate aguentar ficar em pe (as quartas e sextas o museu fecha soh as 22h). Vamos ver o que vai rolar nestes ultimos dias de Paris…

Ps: Faca um tour virtual pelo Pere-Lachaise aqui

Fotos da viagem e dos shows: http://www.flickr.com/photos/maccosta

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