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Sobre sebos e Dawson’s Creek

Eu adoro sebos. Na verdade, sou viciado. Tenho amigos que não gostam de livros, CDs ou filmes usados. Eu não ligo. Se estiver em boas condições, e o preço estiver ok, não penso duas vezes. Há, em São Paulo, ao menos uns dez sebos que vivo batendo cartão. Quando pinta uma folga, como hoje, faça um pequeno roteiro atrás de algumas preciosidades. Existem uns bons sebos em Pinheiros, alguns ótimos na Teodoro Sampaio, na Augusta e no Centro da cidade. Hoje, pela correria, só consegui passar na Disconexus, uma loja bacana na Consolação quase com a Paulista (número 2682). Dá para perder umas boas duas horas lá (ainda mais que agora eles colocaram uma bancada enorme de DVDs), mas hoje deixei a passagem por todas as bancadas por uma olhada rápida.

Uma das partes da loja que sempre me atrai, e que sempre me faz sair com algo bom nas mãos, é a bancada de R$ 2,99 (quatro por R$ 10). Já encontrei ali em dias iluminados o “Wild Swing Tremolo”, do Son Volt, e o “Feast of Wire”, do Calexico. Hoje sai com o Thou (”Put us In Tune”, um CD que a Ju Alencar gravou num CDR pra mim anos e anos atrás), o “Disqueria”, do Radiola Santa Rosa (que o Azenha já entrevistou pro Scream), o Caesars (”Paper Tigers”, que o André sempre elogia) e o Josh Rouse que saiu no Brasil (”Home”), e que um amigo não acreditava ser possível achar mais. Presente pra ele. E tudo deu R$10.

Porém, quando estava no balcão, para pagar, olhei nas bancadas de entrada um box de DVD: a primeira temporada completa de Dawson’s Creek. Senti um deja vu. No Scream & Yell On Paper número 2, de janeiro de 1999, está cravado no editorial: “Textos, melancolia e paixão pela Joey: Marcelo Costa”. Sério. Passei uns dois ou três anos apaixonado pela Joey, personagem da Sra. Tom Cruise e mãe da fofinha Suri, Katie Homes, na época. A título de info, Dawson’s Creek foi uma série exibida originalmente entre 20 de Janeiro de 1998 à 14 de Maio de 2003 pela Warner Channel.

No Brasil, Dawson’s Creek passava na Sony, e em uma época que não havia TV paga em casa, e não tinha como baixar os episódios na web como acontece hoje. Resultado: um amigo gravava os episódios inéditos em VHS na segunda, e me levava na faculdade na terça. As duas primeiras temporadas da série são sensacionais, mas o clima cai da terceira em diante, quando o criador Kevin Williamson abandona o barco para arriscar um outro projeto, e só retorna para fechar a tampa da série, em 2003, com o episódio final.

Que eu me lembre, só assisti às três primeiras temporadas. Ao final da terceira, que já não tinha o mesmo brilho das duas primeiras comandadas por Williamson, desencanei e me separei da Joey – e, obviamente, da ex-Sra Heath Ledger, Michelle Williams, e também da (suspiro) Meredith Monroe, que fazia o papel da Andie. Não sei nada do que aconteceu nas temporadas seguintes (vi um outro episódio esparso zapeando pela TV) e nunca me deu vontade de descobrir, mas sempre quis, ao menos ter as duas primeiras temporadas em casa, para matar saudade. Agora tenho a primeira. Não resisti.

Ps. Uma das lembranças mais divertidas que tenho da série, porém, não é da série. No VMA de 98, apresentado por Samuel Jackson, numa das brincadeiras aparecem Dawson e Joey. Ela vira pra ele e diz: “Dawson, cansei dessa enrolação toda. Vamos nos beijar”. O drama da série era exatamente esse: Joey e Dawson demoram anos para ficarem juntos (tipo Jack e Katie em Lost). Na piada armada pela MTV, porém, a câmera faz o close de um personagem, olhos fechados e biquinho esperando o beijo, e em seguida do outro. Quando a cena abre, está cada um de lado do quarto, e pelo jeito vai demorar anos para esse beijo sair.

Eis que, então, entra pela janela Samuel Jackson, taco de beisebol na mão. Joey, desde criança, sempre entrou no quatro de Dawson pela mesma janela, nunca com um taco de beisebol. Está tocando a música tema da série, o casal sem ser casal naquele lenga lenga que sabemos que não vai dar em nada, e Samuel Jackson estraçalha o toca-fitas com o tema da série. Dawson e Joey param imediatamente. Samuel pergunta: “Eu odeio essa música. Podem continuar”. Eles ficam estáticos. Samuel, então, improvisa e começa a cantar o tema da série. Eles voltam ao beijo. É sensacional (procurei no Youtube, mas não achei).

Hoje em dia, Dawson’s Creek não entraria num Top 5 de séries que mais gostei de assistir, e olha que eu nem devo ter assistido dez séries inteiras. Um pouco pela irregularidade do roteiro pós saída de Kevin Williamson, outro pouco devido ao fato de que Friends, Simpsons e Seinfeld tem lugares garantidos no podium, e são imbatíveis. Mesmo assim, eu acho que devia aquele cara de dez anos atrás esse fragmento de felicidade de cultura pop. Talvez, assistindo agora, eu não ache essas duas primeiras temporadas tão boas quanto as achava na época, mas com certeza devo passar alguns meses apaixonado pela Joey… novamente.

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